Red Bull Culture Clash volta a sacudir o Coliseu de Lisboa
O Coliseu dos Recreios voltou a encher no dia 2 de março para ser a arena de combate do Red Bull Culture Clash naquela que foi a segunda edição do evento em Portugal. Quatro crews, quatro palcos, quatro rondas, mas só uma equipa vencedora.
Alex D’Alva Teixeira e Carlão foram os hosts escolhidos para liderar a batalha no Coliseu e dar a conhecer as crews e as regras ao público. O girl power esteve representado na crew Capicua + Guerrilha Cor-de-rosa de Capicua, DJ D-One, Eva Rap Diva, Marta Ren, M7 aka Beatriz Gosta, Blaya e Ana Bacalhau. Ao seu lado, Paus juntaram-se a DJ Glue, Silk, Mike El Nite e Holly Hood e fizeram o supergrupo Paus + Pedras. Seguiram-se Bridgetown, a junção de Richie Campbell, Mishlawi, Dengaz, Plutónio, Luís Franco Bastos, Ben Miranda, DJ Dadda, Dodas Spencer, Afonso Ferreira e General Gogo. Finalmente Rui Pregal da Cunha juntou-se a Capitão Fausto, Memória de Peixe e Throes + The Shine e formaram a crew Ultramar.
As regras eram simples, um primeiro round de aquecimento, sem pontos, um segundo e terceiro round a valerem cada um 1 ponto para a equipa que provocasse um maior disparo de decibéis vindos do público e uma quarta (e última) ronda a dar 2 pontos à melhor equipa. Nas primeiras três rondas as equipas podiam pôr em cima da mesa o que bem lhes apetecesse, temas originais, dubplates, custom dubs, estava tudo em jogo. Na quarta ronda temas originais custariam uma desqualificação, mas era também a ronda para lançar trunfos e trazer convidados surpresa.
Coliseu aquecido, bass no ponto, 21h30, estava lançada a batalha.
A Guerrilha Cor-de-rosa foi responsável pelo início da ronda de aquecimento, 8 minutos para cada equipa. De máscaras postas, uma a uma as guerreiras foram-se revelando ao público. Paus + Pedras deram um leve cheirinho do power que ainda iríamos receber daquele canto do Coliseu e, no palco ao lado, o porta-voz Richie Campbell anunciava que o verdadeiro clash jamaicano viria da crew Bridgetown. Ultramar, no meio da indumentária e do teatro de improviso, proporcionaram um momento unânime de refill de bebidas. Mas tudo bem, ainda era só aquecimento.
A segunda ronda começou com Paus + Pedras. Ainda que o som não estivesse do lado da crew, todo o coliseu ouviu Holly Hood chamar a Richie “jamaicano da linha de Cascais” e entre Felicidade do angolano Sebem até It’s A Man’s Man’s World na voz de Silk, tiveram o público agarrado. “Querem saber o que é um dubplate? Já tocámos rap, já tocámos hip-hop e Ultramar continua a fazer teatro” dizia Richie. Entre dancehall jamaicano, afrotrap de MHD e um throwback da edição anterior com Dotorado Pro, Bridgetown respondeu à altura. Seguiram-se os senhores da crew Ultramar com Amor dos Heróis do Mar a servir de base a toda a ronda. A Guerrilha Cor-de-rosa teve tempo de trazer a Queen B ao baile, de dar ares de Buraka e de pôr o Coliseu em alvoroço com hits do funk brasileiro. Sambaram na cara das inimigas e o público foi atrás delas; foram as vencedoras da segunda ronda.
A terceira ronda começou com Bridgetown. Dubplates do Toy, do Rui Veloso ou dos Xutos. Sim, aconteceu. Beatriz Gosta a arrasar com ela própria? Possível quando se tem Luís Franco Bastos na crew. A Guerrilha cor-de-rosa também trouxe dancehall jamaicano ao palco com bandeiras rosa a condizer, ah e uma coroa de flores, rosa surpreendam-se, para começar o funeral dos Ultramar. Paus + Pedras continuaram a missão e puseram literalmente o caixão dos Ultramar a circular entre o público e ainda conseguiram fazer uma aula de zumba ao ritmo dos Heróis do Mar. Entre estigas das quatro equipas, o sonómetro não teve dúvidas e a vitória ficou para a crew Paus + Pedras.
Chegou o momento de rendição para as crews, com a quarta e última ronda e os Ultramar a darem o pontapé inicial. A eles juntou-se Mob Dedaldino dos Throes + The Shine para pôr o Coliseu a mexer. Ao bom estilo Ultramar quando fomos a ver já tinham uma bailarina e uma cantora lírica em palco e algures no meio disto Mob já estava a abrir caminho entre o público. Na crew vizinha, Guerrilha, fez-se ouvir um revival de Buraka Som Sistema e pouco depois tínhamos Camané em palco seguido de Bruno Nogueira a dar ares de “Deixem o Pimba em Paz” com Ana Bacalhau. A Paus + Pedras juntaram-se Scúru Fitchádu e em menos de nada tínhamos Kussondulola em palco a trazer-nos “Pim Pam Pum” e “Perigosa”. Paula Moreira também foi convidada e ainda que os ânimos acalmassem ligeiramente, Makoto Yagyu acabou nos braços do público e Mike El Nite bem no meio do mar de gente.
Restavam os Bridgetown que trouxeram ao palco G-Son e Mayra Andrade com Reserva Pra Dois e surpreendentemente conseguiram terminar a ronda com Madredeus.
Carlão e Alex D’Alva Teixeira voltaram para o momento que podia virar o jogo, com a quarta ronda a dar um ponto extra ao vencedor. Com 120.1 decibéis, face aos 120.0 dos Bridgetown, e no meio de alguma expectativa a organização acabou por declarar empate técnico na última ronda para as duas crews. Ainda assim, com duas rondas garantidas, o prémio foi mesmo parar às mãos daqueles que se comprometeram a partir a casa toda, Paus + Pedras.
No final, ainda tivemos tempo para uma curta (e caótica) conversa com os vencedores:
Vê aqui alguns dos momentos:
Vemo-nos na próxima edição ?
Texto: Mónica Borges
Edição: Daniela Azevedo