O S. João da música, o São João fora de tempo, chamem-lhe o que quiserem.
Foi uma festa da música no Porto e para o Porto, que o diga quem foi e tentou ver um concerto no Radio ou no Café au Lait e ficou à porta ou que enquanto a Manuela Azevedo embalava umas centenas de pessoas, tentou tirar uma selfie com a Capicua.
Da dream pop dos Dear Telephone, ao rock dos Cavalheiros; do Miguel Araújo (o dos aviões) num eléctrico pela zona dos clérigos, a Manuela Azevedo acompanhada pela Orquestra de Jazz de Matosinhos a cantar os 4 de liverpool. Rita Redshoes num Cabaret parisiense ou os reais e verdadeiros da outra margem a representar nos Poveiros. Houve de tudo e para todos os gostos.
Houve muita gente na rua, houve chuva mas que não desmobilizou assim tanta gente. Havia festa da baixa e o porto desceu às baixas.
A tarde começou na Reitoria / antiga Faculdade de Ciências, num anfiteatro com uma história acústica fantástica onde a Orquestra da Casa da Música se fez ouvir.
Cá fora palcos eram montados e a movida habitual da zona estava superlativada. Lá dentro a serenidade coexistia em todos, que sentados no granito com centenas de anos, pararam e escutaram.
Pelas 17 horas arrancaram os concertos em alguns espaços dos espaços d’bandados e outros espaços não d’bandados improvisavam eventos.
Miguel Araújo cantava num eléctrico que se ia movendo conforme podia com a multidão a acompanhar à espera dos aviões. E aviões se puderam ver a fazer acrobacias.
À chegada ao Café au Lait pelas 17.10 já não havia espaço, fosse lá dentro fosse na rua, para ouvir Cavalheiro(s).
Aqui seguiu-se Dear Telephone e o espaço ainda mais pequeno se tornou.
Mas a rua serviu de recinto e o som que bem saía do pequeno espaço criou uma plateia em torno de uma porta.
Pelo Radio a esta altura decorria a programação infantil mas à porta já se formava a fila para ver Surveillance, Hitchpop e outros.
De palco em palco pela baixa a movida portuense fazia-se, muitos paravam e ficavam – outros andavam sempre porque ou “tá muita gente” ou “isto é o quê?”.
Já a noite tinha caído quando Ricardo Ribeiro num cenário que abraçava todos que lá se encontravam e que com pena só iria servir de palco a um concerto nos trouxe o sofrido fado.
Novos e velhos a beber ou cerveja gelada ou cidra quente muitos marcaram presença para o ouvir com as margens do Douro como pano de fundo.
Capicua anunciou-se às 22 horas e ela acompanhada pelos seus fiéis números (m7 e d1) encheu a praça dos leões. Faladora como sempre e a pedir mãos no ar, quem lá esteve esbracejou, saltou e dançou apesar da sua mão pesada. A casa do campo que pode ser na cidade teve coro da audiência e o anagrama de Nova Iorque foi cantado por miúdos e graúdos.
Leões estes que permaneceram cheios mesmo com Rita Redshoes, D’Alva e Mind da Gap em outros pontos.
Começando com um instrumental sem a mulher furacão, que não tem problemas de expressão, a Orquestra de Jazz de Matosinhos embalou-nos numa ainda noite de verão.
Manuela Azevedo sobe ao palco e entre músicas de Clã, Beatles ou Janelle Monáe cativou uma audiência de várias centenas. Se muitos dos que lá foram estavam à espera de um concerto de Clã? Acredito que sim, mas quem lá esteve, mesmo não tendo tido um concerto de Clã, não saiu de lá indiferente aos dois dos Clã que lá estiveram.
Acabado este concerto houve tempo ainda de ir até ao Varandim dos Clérigos onde os Charanga, com um folk electrónico, mostravam que cá na terra há boa electrónica a beber das raízes portuguesas. Com o desfecho a ser a “kita-me a gaita” viu-se danças, saltos e animação, viu-se também uma plateia a pedir só mais uma a que a banda não pode aceder pois havia mais alguém ali daí a minutos.
A minutos dali, na Rua Candido dos Reis, DJ Kitten (joão vieira/x-wife/white haus) certamente recordava muitos do agora extinto espaço Triplex.
S. Pedro também quis d’bandadar, um novo verbo no vocabulário portuense onde já consta “ir baixar”, e pelas 2 da manhã chegou e trouxe a sua companheira chuva. Mas isto não demoveu as gentes, havia DJs para ouvir e assim foi. A movimentação para a Rua José Falcão e para a Rua de Ceuta era notória.
O estender da NOS D’Bandada à outra baixa leva a uma multiplicação de espaços mas também causou algumas sobreposições e decisões tiveram de ser tomadas.
D’bandamos, brincamos, gozamos, rimos, bebemos e conseguimos comer 1 tosta em todo o dia. Para a semana pode haver mais?