13 Ago 2015 a 16 Ago 2015

“O que vai de mim para ti” – Bons Sons, 15 de Agosto

“O que vai de mim para ti”  - Bons Sons, 15 de Agosto

Em Cem Soldos a tarde estava quente e os borrifadores de água fresca começavam a fazer falta aos muitos festivaleiros que passeavam pela aldeia. Os Duquesa faziam soundcheck no palco Giacometti enquanto as famílias chegavam: muitos carrinhos de bebé, crianças ao colo, outras a correr pelas ruas e cães pela trela.

Uma das coisas que faz do Bons Sons um festival especial é o facto de podermos entrar na Igreja para louvar a música – e por conseguinte, a cultura portuguesa. Desta vez, fomos contagiados com a alegria do colectivo Tranglomango. Os músicos, com raízes em Viseu, distribuíram boa música portuguesa tradicional envolvida em rock e chula. A Igreja era insuficiente para todas as pessoas que queriam fazer parte desta animada oração ao que de melhor se faz em música, no panorama português.

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Pelas 16h45, Duquesa tomava conta do coreto, no palco Giacometti. E que bem que nos soube o ice cream para adoçar e refrescar a aldeia. Entre o saborear do bolo templário, ali na tasquinha onde ontem jantámos um belo chouriço com pão (#trueStory) e o saudar de amigos que já não encontrávamos há muito tempo, fomos surpreendidos pela movimento Retimbrar que espalhou o som dos seus tambores por Cem Soldos. Ao mesmo tempo – quem disse que a vida na aldeia é pacata e tranquila? – no palco Garagem, havia bandas à espera da sua vez para partilhar a sua música. Quem sabe estes não serão os artistas de um Lopes-Graça ou Eira numa edição futura do Bons Sons?

Cá na aldeia somos todos muito pontuais: os concertos começam à hora marcada, sem excepção. E assim aconteceu com o Edu Miranda Trio, no palco OuTonalidades: pelas 18h, Edu, Tuniko e Giovani pegaram em fados, misturaram com forró, samba, juntaram boa disposição e puseram muitas pessoas a dançar. Que bem que soube este pezinho de dança! Para terminar, uma participação especial de Dino D’Santiago, nas últimas músicas. O público não queria arredar pé e pediu uma e mais outra música ao Trio, que acedeu com simpatia.

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A abarrotar de influências diversas estão os D’Alva, que se apresentaram no Bons Sons com o formato Redux. Num dos palcos mais queridos do público, o Giacometti, Tivemos oportunidade de passar alguns momentos à conversa com Alex D’Alva Teixeira e Ben Monteiro, sobre motivações e influências para fazer música – em breve, publicaremos a entrevista neste vosso pasquim (online) de eleição. Para a Salomé, de 14 anos, que viajou da Figueira para o Festival a presença dos D’Alva foi “o que animou mesmo a malta”. Não conhecia o trabalho de Alex e de Ben e era a sua primeira vez no Bons Sons: “Disseram-me que era muito giro e que era uma experiência diferente.” E confirma-se. Até pelo facto dos D’Alva nos terem brindado com um tema inédito, de seu nome Mas só se quiseres. E ainda, um momento de stage diving protagonizado pelo Ben Monteiro, que assim deu corpo a um dos refrões mais queridos do repertório da banda: livre, leve e solto.

Naquela hora em que já deixa de ser de dia para dar lugar à noite, subiram ao palco Eira os cinco rapazes que constituem a banda Trêsporcento. Entre elefantes azuis e cascatas, fomos brindados com as primeiras chuvas com sabor a Bons Sons e cheiro a terra molhada.

O jantar deste terceiro dia de Bons Sons teve como banda sonora original o Bruno Pernadas que apresentou o seu trabalho How can we be joyful in a world full of knowledge perante um recinto cheio, no palco Lopes-Graça.

Ana Moura era a artista mais esperada da noite. Sim, alguns dos visitantes não arredaram pé do palco Eira para ver e ouvir Nice Weather for Ducks. Ainda assim, após a meia-noite o ponto de encontro era mesmo o Lopes-Graça, para um concerto onde o fado bate à porta da música pop. O timbre de Ana Moura é muito próprio e capaz de enfeitiçar o público, uma vez que se encontra embrulhado num sorriso doce e postura graciosa.
E ao terceiro dos quatro dias do Festival só apetece cantar ai a saudade que eu tenho de ter saudades – do espírito do Bons Sons por perto.

Joana Rita  

Joana Rita é filósofa, criadora de conteúdos, formadora e investigadora. Ah! E uma besta muito sensível.


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Mais sobre: Ana Moura, Bruno Pernadas, D'Alva, Duquesa, Edu Miranda, Retimbrar, Tranglomango, Trêsporcento


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