Navega, navega, Capitão Fausto – A reportagem no concerto do Coliseu

Navega, navega, Capitão Fausto - A reportagem no concerto do Coliseu

São um pouco alternativos, ainda que na onda do pop. São a mistura de géneros e diferentes artistas musicais, mas continuam a ser um balão de ar bem fresquinho para aquilo que se faz e ouve em território nacional. Já contam com alguns anos de carreira e unem um agrupamento avantajado de fãs que não deixaram de marcar presença e encher o Coliseu de Lisboa para receber o seu Capitão.

O público é adulto e adulto jovem. Não importa o estilo, não importa de onde vêm. Dançam, gritam e deixam-se contaminar pela energia e bom groove dos Capitão Fausto. Trata-se de um concerto para aproveitar com os amigos. Para beber um copo, para ouvir instrumentais de qualidade ao vivo e para homenagear a escrita em português.

Nas palavras da banda, este encontro musical foi uma celebração:

Hoje estamos aqui para celebrar. É a celebração destes amigos – referindo-se a eles próprios enquanto banda – o agradecimento pelos fãs que nos acompanham há tantos anos e também porque é a nossa estreia aqui

Uma estreia com casa cheia.

Mas para além de todos estes motivos para festejar, é de notar que foi o primeiro concerto do Coliseu em forma de arena que contou com uma plateia de pé, entenda-se por isto, um palco ao meio rodeado de fãs em lugares não sentados, permitindo uma maior interacção entre os artistas e quem foi ali para interagir com eles, para estarem “acompanhados de todos”.

Capitão Fausto Têm os Dias Contados é o álbum mais sólido da banda, dos três de estúdio, um notável crescimento para aquilo que realmente querem ser. Sem medo da crítica, dizem aquilo que querem e sentem. Mesmo as piadas fáceis que provavelmente não resultariam. Assim, Tomás Wallenstein, na voz e guitarra, Domingos Coimbra, o engraçado do baixo, Francisco Ferreira, o intelectual das teclas, Salvador Seabra, o monstro da bateria e Manuel Palha, o simpático da guitarra, provam que ninguém aqui tem os dias contados. Pelo contrário, vieram para ficar.

Subiram a palco vestidos com bonitos fatos, para dar postura, e foi impossível não transmitirem a ideia de que se estavam a divertir enquanto faziam aquilo de que gostam. Boa disposição não faltou. Fizeram-se ainda acompanhar de uma orquestra, num palco secundário, e tinham um alinhamento de luzes que dançava ao ritmo do todo. Assim, lá se ouvia ao fundo a flauta e o contrabaixo, também o clarinete, o oboé e a amiga trompa.

Não é escondido o particular entusiasmo do público por temas como Morro na Praia, Febre, Verdade e Amanhã Tou Melhor, apesar de a banda lisboeta ter revelado que Os Dias Contados é um dos temas favoritos. Fica no ar a vontade de mais momentos como esta grande noite, que se prolongou por cerca de hora e meia, onde se ouviu aquilo que é escrito e composto pelos próprios, para honrar o bom nome português.

Sofia Felgueiras  

Diz que é jornalista, curte de apresentar televisão e ainda acredita em magia. Aquela criança histérica que vai conhecer todos os artistas. "Gotta Catch'em all!".


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