Músicas do Mundo de Sines com maior representação asiática de sempre
As músicas da Ásia vão deixar uma marca forte na 16.ª edição do FMM Sines – Festival Músicas do Mundo, que se realiza em Sines e Porto Covo entre 18 e 26 de julho. Três países – o Irão, a Turquia e a Coreia do Sul – fazem a sua estreia no festival. A Índia reforça a presença no alinhamento com quatro espetáculos e a China regressa com uma proposta de folk cosmopolita.
Nesta representação asiática no FMM Sines 2014 estão em evidência os instrumentistas virtuosos.
O iraniano Kayhan Kalhor e o turco Erdal Erzincan são mestres, respetivamente, do instrumento de arco kamancheh e do cordofone baglama. Tocam em Sines como dupla, dando continuidade ao vivo a uma colaboração que já produziu dois discos editados pela etiqueta alemã ECM. Kayhan Kalhor, também conhecido pela sua participação nos projetos Ghazal e Silk Road Project, é um dos maiores embaixadores da música persa. Erdal Erzincan é um expoente da tradição do baglama da Anatólia. Une-os o caráter de tradicionalistas aventureiros e o gosto pela improvisação.
Do Irão chega outro instrumentista de primeira água: Mohammad Reza Mortazavi, um dos mais exímios criadores e intérpretes dos tambores de mão tradicionais persas, o tonbak e o daf. Sozinho em palco a criar variações sobre o ritmo 6/8, pilar da música persa, é capaz de pôr uma multidão a dançar com as suas linhas de percussão intrincadas. O seu disco mais recente, “Codex”, foi lançado em 2013.
O Istiklal Trio é formado por três instrumentistas israelitas apaixonados pelas músicas do Oriente Próximo: Ariel Qassis no qânun, Yaniv Taichman no ud e Noa Vax nas percussões. O repertório é composto por peças originais e por composições clássicas turcas que reinventam utilizando os recursos expressivos de outras músicas com que se cruzaram no seu percurso: a música clássica, o rock, os blues, a música árabe, a música indiana. Editaram um disco, homónimo, em 2011.
Para o quinteto sul-coreano Jambinai, os instrumentos tradicionais são ferramentas para criar um pós-rock pesado e experimental. Nas suas composições, a par da eletrónica, das guitarras elétricas e da bateria, encontramos objetos da tradição musical coreana como o instrumento de arco haegeum, o sopro piri e a cítara coreana, o geomungo. O seu álbum de estreia, “Difference”, teve edição internacional em 2014.
O grupo chinês Ajinai é outro projeto de modernização da tradição através de códigos do rock. Embora sedeado em Pequim, tem como referência a música da Mongólia Interior. O seu líder é Hugjiltu (antigo membro fundador da banda Hanggai), cantor na técnica gutural mongol (khoomei) e intérprete do instrumento de arco morin khuur. O repertório do grupo inclui composições próprias e versões experimentais de canções folclóricas mongóis.
O sitar, símbolo da música indiana, será trazido a Sines por um dos seus melhores intérpretes da nova geração, Niladri Kumar. Muito precoce – começou a aprender sitar aos 4 anos e tocou pela primeira vez em público aos 6 –, cresceu em Mumbai e tem feito uma carreira com muitas viagens pelo mundo. Cultiva o legado da música tradicional indiana, mas são frequentes as colaborações com artistas de outras áreas, como o jazz, a fusão e a eletrónica. Toca um sitar elétrico que ele próprio criou.
Um dos acontecimentos do FMM Sines será a performance de dança e teatro ritual Mudiyett, com origem no estado de Kerala, no sudoeste da Índia. Reconhecido pela UNESCO como Património Imaterial da Humanidade, fundado numa tradição oral que remonta ao século IX, este espetáculo de rua de caráter sagrado simboliza a vitória do bem sobre o mal e nele entram várias personagens da mitologia hindu, como Kali, Shiva e Narada. Envolve mais de uma dezena de artistas e possui uma forte componente visual, com máscaras, pintura corporal e elementos de fogo.
Do Rajastão, no noroeste desértico da Índia, chega o cantor Bachu Khan, pertencente à casta dos Langas, que durante séculos foram os músicos profissionais das famílias reais da região e mais tarde se dedicaram a tocar em casamentos, noivados e festas tradicionais. Representa a cultura cigana que da Índia se espalhou pelo mundo e conta com centenas de atuações internacionais com os seus grupos Maharaja, Musafir e Dil Mastana.
Outro aspeto da cultura cigana do Rajastão, as fanfarras, terá expressão em Sines através da Jaipur Maharaja Brass Band. Composta por sete músicos e uma bailarina, reúne a visão do diretor artístico, o tocador de tabla Rahis Bharti, ao talento e experiência dos tocadores de metais e percussões. Festiva e popular, toca ritmos clássicos e tradicionais do Rajastão, peças de folclore e melodias do cinema indiano.
Fonte: Press Release Câmara Municipal de Sines