“Merry Christmas, Mr. Cohen” – As Canções de Leonard Cohen
Na sexta-feira, 21 de Setembro, o Centro Cultural Olga Cadaval foi a casa do espectáculo de homenagem ao icónico poeta e cantor canadiano teve todos os clássicos e algumas surpresas.
Por ocasião daquele que seria o seu 83º aniversário, vários músicos portugueses uniram-se num só concerto para celebrar a poesia cantada de Leonard Cohen. No cartaz, as estrelas eram Mazgani, Miguel Guedes (Blind Zero), David Fonseca, Márcia, Samuel Úria e Jorge Palma. Em palco, brilharam obviamente as canções, mas também a banda que serviu de suporte a todas estas vozes.
Começou solene, com a voz grave de Mazgani a interpretar If It Be Your Will e Take This Waltz. Cresceu na teatralidade de Miguel Guedes com Tower Of Song e Suzanne, dois eternos clássicos. Lá atrás, um aumentado chapéu imitando aquele que tantas vezes vimos com Cohen, flutuava no centro do palco. Aquilo a que assistimos são versões, pois claro, e cada voz se adapta à sua maneira, cada verso carrega diferente sentimento na pele de cada convidado.
Vamos descobrindo exactamente onde está Cohen em cada um deles, mas vamos também sendo surpreendidos pela irrepreensível prestação dos músicos que os acompanham. Pedro Vidal, na guitarra e na direçcão musical, Nuno Lucas no baixo, João Correia na bateria, João Cardoso nas teclas, Orlanda Guilande e Paulo Ramos nos coros, foram exímios nas transformações subtis e concisas, no respeito às melodias originais e nas adaptações notáveis que fizeram em todos os temas.
David Fonseca trouxe I Can’t Forget, a canção que o apresentou a Leonard Cohen, pela mão dos Pixies. Logo depois atira-se a uma Hey, That’s No Way To Say Goodbye surpreendentemente animada. E enquanto Samuel Úria se dirige à Embaixada do Canadá em Portugal (que apoiou a realização do espectáculo) perguntamo-nos como se encaixa o tondelense no certame. Depois das graves vozes de Mazgani, Miguel Guedes e David Fonseca, Úria encarnou a sensualidade das canções de Cohen. Everybody Knows, Lover Lover Lover e A Thousand Kisses Deep vieram com dose extra de gingar de anca e calaram qualquer dúvida que ainda pudesse pairar no ar. Ar esse que aqueceu substancialmente com as prestações que se seguiram.
Primeiro com uma dramática I’m Your Man (por Miguel Guedes), e depois com uma incrível rendição de Avalanche (por Mazgani), que revelou vários mini chapéus suspensos pelo palco. Depois desse crescendo veio a bela voz de Márcia com The Partisan e In May Secret Life e dois momentos deliciosos com Samuel Úria em Who By Fire e Dance Me To The End Of Love. Já na recta final, David Fonseca subiu a fasquia – que daí não voltou a descer: Chelsea Hotel #2 e Hallelujah (algures entre a versão original e a de Jeff Buckley) merecerem as primeiras grandes ovações da noite.
Como um diamante que se guarda para o final, Jorge Palma subiu ao palco para encerrar a noite da melhor forma: uma belíssima versão ao piano de Like a Bird e a arrebitada First We Take Manhattan abriram caminho a dois temas à guitarra, Seems So Long Ago, Nancy e Famous Blue Raincoat, e a um discurso sentido, em inglês, dirigido ao próprio Leonard Cohen.
Para o final, como esperado, ficou So Long, Marianne, interpretada por todos os convidados em conjunto. Uma homenagem que não se cinge a uma imitação e revela os vários lados da música de Cohen (a voz, a palavra, a sensualidade, a fragilidade) sem exageros mas muitas surpresas. O espectáculo visitou ainda a Figueira da Foz, dia 29 deste mês, e Loulé, dia 10 de Outubro (já esgotado).
Nota da redacção: A redactora assistiu ao concerto no Olga Cadaval em Sintra, mas as fotos foram obtidas na Casa da Música no Porto.
Edição de Daniela Azevedo.