Mark Knopfler na Altice Arena: terá sido este um último adeus?
O aclamado guitarrista Mark Knopfler trouxe a sua banda à Altice Arena, em Lisboa, a 30 de abril, para um concerto com os pontos altos da carreira dos Dire Straits e os seus mais recentes êxitos a solo.
Na véspera do feriado, 1.º de maio, Mark Knopfler deu um concerto na Altice Arena, em Lisboa, que pode ter marcado a sua última passagem por Portugal. O líder dos Dire Straits disse que a digressão de Down the Road Wherever – de promoção ao 9.º álbum da carreira do guitarrista inglês, de novembro do ano passado – é a última da sua carreira.
Lamentos à parte e com o foco na “sedução” que o músico conseguiu imprimir a este concerto, 10 membros, incluindo instrumentos de cordas, de sopro e percussão entre outros, estiveram em palco para uma noite esgotada de público que, claramente, sabia ao que vinha. De lamentar a ausência de ecrãs gigantes que dificultaram um pouco a vida a quem procurava acompanhar o concerto mais de longe. A guitarra elétrica misturou-se bem com os outros instrumentos, criando uma harmonia musical e uma musicalidade saudosista, é claro, principalmente quando navegamos até aos temas mais antigos.
Prestes a celebrar 70 anos de vida, Knopfler abriu com Nobody Does That, com o contrabaixo a soar forte, sendo que à segunda canção, Corned Beef City, é a bateria que se destaca para nos levar até um qualquer bar com cheiro a whiskey entranhado nas paredes, cadeiras desengonçadas e tacos a gemerem num chão onde muitas brigas aconteceram. É um blues “like a man” que tem sempre feito parte dos seus alinhamentos ao vivo desde que foi publicado. A canção faz parte do álbum Privateering, muito mais americano que inglês, diga-se…
Segue-se Sailing to Philapelphia, uma canção de despedida com longos momentos dedicados ao choro da guitarra.
Com poucas palavras ditas, Mark Knopfler lá murmura um “thank you” e quando começa a tocar Pink Floyd parece que a sua voz fica mais límpida. Ou então são os nossos ouvidos que já reconhecem como familiar Once Upon a Time in the West. A magia continua com Romeo and Juliet, de 1980, que abre tantas hipóteses quanto aplausos. Não será por acaso que este foi o tema mais vezes tocado ao vivo pelo britânico que, com o seu charme dorido, nos reconta esta triste história de um amor que viveu e… não se concretizou, dizendo sentir-se usado.
Com um sentido de humor tímido mas certeiro, Knopfler fez questão de demonstrar o seu carinho e apreço pela cidade de Lisboa, para além de também ter recordado com alguma nostalgia os seus tempos de juventude. “Ia a todo o lado de boleia. Lembro-me de estar num Natal a tentar voltar para New Castle e fiz uma canção sobre isso”. Matchstick Man, mais uma do leque de novas canções, sucedeu-se à confissão. O público português mostrou-se entusiasmado com as novidades musicais, quase na mesma intensidade com que recebeu os eternos êxitos. Para quem em miúdo queria apenas uma guitarra e hoje tem as que bem entender, esta é a prova de que a vida não lhe correu nada mal.
Your Latest Trick e On Every Street foram outros temas que ajudaram a colocar os Dire Straits na história do rock. No “encore” não poderia faltar o emblemático Money For Nothing, que vinha dos concertos em Espanha e que não era introduzido nas digressões de Mark Knopfler há alguns anos. O concerto terminou com Going Home.
Quem teve um ataque saudosista durante esta última, atenção que é perfeitamente legítimo, ok?