Maria Gadú, cool e sincera – a reportagem no EDPCOOLJAZZ
Maria Gadú regressou a Portugal, pela terceira vez, com a tour do seu mais recente disco Guelã, ao palco do EDPCOOLJAZZ, em Oeiras.
A passada noite de sexta-feira, recebeu a música brasileira de braços abertos e de vento em popa. Depois de Filipe Catto, foi a vez de Maria Gadú e o seu ensemble – Frederico Puppi no violoncelo, Felipe Roseno na bateria e Lancaster Pinto no baixo – subirem ao palco.
Suspiro e Obloco abrem o alinhamento, fortes, pulsantes, mas com um quê de doçura da voz e personalidade da artista, que tanto apaixona o publico português. No nosso país, Maria Gadú sente-se em casa. Canta sobre os seus amores e desamores, sobre o bom e o mau, sobre direitos e deveres, sempre sem medos.
Enquanto Gadú canta e toca guitarra, a luz sobre a sua imagem, é turbulenta. Uma espécie de poeira, que a música brasileira levanta, energética, mas que deveu muito do seu movimento às rajadas de vento dos Jardins do Marquês.
Ouviu-se Altar Particular, Lounge e num hat-trick do seu disco homónimo, Tudo Diferente aqueceu o público, num abraço coletivo e enamorado.
E há sempre algo de surpreendente na voz da artista. No seu discurso é calma, contida, simpática e sorridente. No seu canto, é feroz. Simplesmente feroz. Em Ne Me Quitte Pas, a guitarra é arrumada e vêm as baquetas e o coração, nas mãos de Maria Gadú. A mesma que luta pela igualdade e respeito pela identidade de cada ser humano, pela arte, pela diversidade, pela nação, pela sexualidade e, fundamentalmente, pelo direito de amar.
Em Semi-voz, Lua, a sua esposa, e Mayra Andrade sobem ao palco e dançam, como se ninguém estivesse a ver. Dedicadas e cúmplices da música, do ritmo, e da mulher na frente de palco. Mayra Andrade dividiu ainda atenções com Gadú, a seu convite, para cantar Dona Cila, a música escrita para a avó da cantautora de São Paulo.
Shimbalaiê, o eterno clássico, fechou o alinhamento, daquele que será um dos últimos concertos de Maria Gadú, antes de voltar ao processo criativo de um novo disco. Marca pela diferença, sempre peculiar, na sua sonoridade e na sua persona. Maria Gadú cresce a cada ano e cá estaremos nós em Portugal, para assistir ao amor que tem para nos cantar. E lembrem-se, “digam não à homofobia”!