Kodaline em concerto explosivo e louco no Coliseu dos Recreios
O jovem grupo irlandês passou por Portugal, para um concerto no Coliseu dos Recreios, em Lisboa, a 6 de março, onde os seus dois álbuns, “In a Perfect World” e “Coming Up For Air”, foram reis e senhores.
Para quem tem andado mais distraído, a enchente do passado domingo, 6 de março, no Coliseu dos Recreios, em Lisboa, não deixou de constituir uma gigantesca surpresa. Os Kodaline estão, por certo, a assumir o papel de recente fenómeno da música depois do que conseguiram fazer em Lisboa.
A banda irlandesa conseguiu, com apenas dois álbuns, o que muitas não conseguem com décadas de carreira. Os fãs, bastante jovens, que atulharam o Coliseu cantaram todas, sim, não é typo, todas as músicas do princípio ao fim, fazendo a velhinha sala lisboeta ganhar a dimensão de palco de um grande festival internacional.
Os quatro rapazes começaram a sua jornada indie-folk com ‘Ready’ a apresentar (se bem que não pareceu um tema desconhecido de ninguém) o álbum “Coming Up for Air” para irem, logo de seguida, buscar o tema que fecha o álbum de estreia, ‘Way Back When’ de “In a Perfect World”. Os jovens artistas deram o melhor de si a cada momento, com Steve Garrigan a saltar da guitarra para as teclas, num delírio que impressiona pela destreza com que parece fazer tudo em palco. Ao percebermos a orientação musical dos álbuns não admira que os Kodaline sejam uma espécie de “banda-faz-tudo”. Com o primeiro disco, que lhes valeu o reconhecimento da BBC e da MTV, por exemplo, chegaram a ser comparados aos Lumineers. No segundo registo, arriscaram caminhos mais rock e ninguém parece dizer “não” à mudança. Provavelmente vieram, até, novos fãs com a viragem verificada no segundo álbum.
‘One Day’ e ‘Lost’ são cantadas em coro, sendo que a primeira deixa algumas jovens mais emocionadas à medida que “sofrem” a plenos pulmões: «Life passes you by, don’t waste your time on your own…».
Garrigan bem tenta conversar com o público mas qualquer interjeição é imediatamente calada pelos sonoros aplausos e euforia ensurdecedora. Ainda o espetáculo não vai a meio e já é oficial que a loucura mora aqui.
Com ‘Autopilot’ os Kodaline não resistem a ceder à sua própria surpresa e começam a filmar e tirar fotografias do palco. Seja como for, o concerto não perde ritmo mesmo que eles deixem de tocar e cantar; os fãs encarregam-se de fazer tudo o que é preciso. Mas se há quem saiba o que está a fazer são eles, portanto, mesmo depois de um tema mais lento, o ritmo volta logo a subir como aconteceu com ‘Brand New Day’ e o novo e instrumental ‘The One’. Mais uma vez o intercalar entre um disco e outro.
Em ‘Honest’ o teclado volta a merecer destaque em palco e, nas cadeiras dos camarotes, não há vivalma sentada. É uma onda gigantesca de energia. Os rapazes ameaçam abandonar o palco com ‘Love Will Set You Free’ mas nem valia a pena pensarem em tal coisa.
No regresso para o encore foi tempo de agradecimentos: a tudo, a todos e em especial, aos pais de Garrigan: «Um muito obrigado ao meu pai e à minha mãe que estão ali». E lá estava a família, nas cadeiras principais do balcão central, sorridente a acenar à multidão.
‘Everything Works Out In The End’ foi a canção oficial da despedida mas não se foram embora sem garantir que o concerto no Coliseu lisboeta era inesquecível: o regresso a casa foi feito com ‘All I Want’ a soar na cabeça de todos depois de uma explosão de vozes.
Os Kodaline mostraram que não estão dispostos a sair da indústria da música sem deixar uma marca. Se, musicalmente, ainda poderão estar à procura de um caminho mais sólido, pelo menos a simpatia de milhares de jovens portugueses já conquistaram.