Épicos Epica elogiam Portugal no mais recente concerto em Lisboa
Depois da passagem pelo VOA 2017 os holandeses Epica regressaram ao nosso país. A Sala Tejo recebeu-os de braços abertos no passado dia 21.
São 22h30 quando os Epica sobem ao palco da Sala Tejo, alguns meses após a sua passagem pelo VOA2017. Os holandeses têm um novo disco The Solace System e esse foi, assim se julgava, o ponto de partida para esta atuação. Perante um público que é o seu a banda não se fez de “esquisita” e sem perdão atacou o público com Edge of the Blade logo a abrir, mostrando que não estavam em Lisboa em passeio e que se encontram em excelente forma.
Como seria de esperar o grande destaque vai para o talento vocal (e não só) de Simone Simmons, tal medusa que nos fere a alma. Sensorium é o segundo tema que antecede Fight Your Demons, do mais recente registo, e por esta altura já a sala lisboeta se encontra devota dos Epica. O sexteto é uma máquina bem oleada e eficaz. Storm The Sorrow e Unleashed continuam deixar o público em delírio e não só, pois Coen Janssen e o seu teclado mágico percorrem toda a largura do palco vezes sem conta, dando um espetáculo dentro do espetáculo.
Com uma sinergia completa entre público e banda, os momentos de redenção vão surgindo em catadupa. Victims of Contigence, Unchain Utopia e Once Upon a Nightmare fecham a primeira parte do concerto. Mas a banda não se fica por aqui e, para encore, deixa os hinos Sancta Terra (com muitos elogios a Portugal), Beyond The Matrix e Consign to Oblivion, fechando assim com “chave de ouro” uma noite memorável. Em conclusão, a banda investiu num set seguro, onde faltaram temas do mais recente disco mas que, na generalidade, não deixou ninguém insatisfeito.
Já antes, e em estreia em Portugal, os Vuur subiram ao palco. Com um disco muito bem recebido, In This Moment We are Free, e com a musa Anneke Van Giersbergen ao leme, era muita a curiosidade em torno desta atuação e, contas feitas, as expectativas não saíram goradas. Claro que o maior destaque vai para a vocalista, principalmente quando ao segundo tema, My Champion – Berlin se atira à guitarra e os Vuur ganham mais peso e dinâmica.
Se, em disco, o quinteto se agarra com unhas e dentes às suas composições, em palco a banda assume-se como uma força da natureza e em pouco mais de 40 minutos dedica-se às composições com garra. O público reage efusivamente a temas como Days Go By – London e Your Glorious Light Will Shine – Helsinki, porém o momento alto da atuação vai para o final quando, de volta à guitarra, Anneke e os Vuur se atiram “à velhinha” Strange Machines dos The Gathering. A sensação que fica é que falta algo aos Vuur neste momento para serem uma certeza e a banda tem dificuldade em manter o interesse nas suas composições, porém o mote está dado e os Vuur podem muito bem ser o futuro.
A abrir as hostilidades e de regresso a Portugal, os tunisinos Myrath trouxeram as sonoridades árabes à Sala Tejo, assim como alguns temas do mais recente «Legacy» de 2016. Com elevado profissionalismo, a banda liderada por Zaher Zorgati aproveitou a oportunidade para juras de amor a Portugal. Não faltou a famosa dança do ventre para nos levar até ao deserto e não faltaram os temas que os colocam como uma banda de culto no metal progressivo, mesmo que não o sejam. Storm of Lies e Merciless Times foram temas que não faltaram. Com cerca de 30 minutos em palco, os Myrath mostraram a sua garra e que talvez estivesse na altura de atingirem outros palcos. Foram um bom aquecimento para uma noite que viria a ser grandiosa.
Edição: Daniela Azevedo