Entrevista com Juuso Raatikainen dos Swallow The Sun

Entrevista com Juuso Raatikainen dos Swallow The Sun

Os finlandeses Swallow The Sun são uma das mais acarinhadas e bem-sucedidas bandas de Death/ Doom Metal. Depois de um período de silêncio a banda regressa não com um, mas com dois lançamentos onde a vida, o amor e a morte se transformam num só. Num disco catártico e, talvez, o mais belo da banda, ficamos a saber que há, de facto, uma luz ao fundo do túnel e que a esperança e a saudade são uma só palavra. A HellHeaven esteve à conversa com Juuso Raatikainen, baterista da banda, para perceber todas estas ligações.

N.R.: Entrevista de Nuno Lopes originalmente publicada na HellHeaven.

Passaram quatro anos desde Songs For The North, porém a espera terminou e os Swallow The Sun estão de regresso com dois lançamentos. Qual o sentimento por estar de regresso?
É verdade que passaram quatro anos mas não nos pareceu! O tempo passa a correr! É muito bom estarmos neste patamar, especialmente porque a banda deveria ter acabado. Depois de umas quantas mudanças estamos mais entusiasmados do que nunca.

O Lumina Aurea foi lançado nos últimos dias de 2018 e foi um “aperitivo” para o novo disco. Existe alguma ligação entre os dois lançamentos?
Existe uma temática óbvia em torno dos dois lançamentos já que ambos falam de luta e da perca do Juha (Raivo, guitarra). Sinto que o Lumina Aurea é um retrato cru de alguém que está no ponto mais baixo da tristeza e o When A Shadow Is Forced… é um novo alento e uma nova esperança.

Os últimos anos foram muito complicados, não só para a banda, como para todos os músicos. Como é que foi lidar com todas estas situações?
Definitivamente que isso traz stress adicional quando o que queres fazer é tocar e estar concentrado na música. Mas na vida há sempre altos e baixos. Sobre as mudanças de formação não gosto de ver grande drama na situação, pelo menos nos STS. As pessoas crescem e seguem outras direções e querem fazer outras coisas. Todos temos direito às nossas escolhas.

When a Shadow Is Forced Into The Light é, possivelmente, o vosso disco mais intenso, doloroso e pessoal disco de sempre e lida muito directamente com a morte da Aleha Starbridge. Foi difícil trabalhar estes temas com toda esta carga emocional?
Seria preciso o Juha para te responder a essa questão! (risos) Mas posso assegurar que não foi uma tarefa fácil. Tudo o que pudemos fazer, enquanto colegas de banda, é perceber é apoiar a sua visão artística. Imagina só perderes o amor da tua vida quando estás ainda a meio do caminho! Julgo que todas as pessoas que já enfrentaram este tipo de perda se conseguem relacionar com este disco. Este disco acaba por ser um passo em frente para a luz e para a aceitação de um facto.

Qual foi o papel que os restantes membros tiveram no que diz respeito a trazer o Raivio de volta à vida? Em algum momento sentiram que a sua carreira poderia estar em risco?
O Juha é um solitário, uma espécie de eremita! O que acaba por ir ao encontra da mentalidade finlandesa, em que temos de ser nós a ultrapassar os obstáculos. Por isso, a solução acabou por ser dar espaço e estar disponível para o Juha sempre que ele nos apresentava algo. Como disse há pouco, devido às muitas diferenças e que, talvez, já devêssemos ter acabado no inicio de 2018 mas, pelos vistos, os Swallow The Sun ainda vão estar cá mais uns tempos.

When a Shadow is Forced Into The Light é uma frase bonita, porém encerra em si uma enorme escuridão, como surgiu o nome do disco?
Mesmo que o disco seja muito pesado e escuro também, de alguma forma, tem raios de luz. O Juha escreveu todo este disco em alguns momentos menos devastadores na Primavera de 2017. Nesse momento ele sentiu que a sombra pode ser puxada para a luz. Claro que as maiores perdas demoram o seu tempo até que consigas lidar com isso. Este disco acabou por ser um produto de um período menos sombrio do luto.

Este novo disco parece ir ao encontro da vossa fase mais Doom, sentiram que esta era a altura para este regresso às «origens» ou estas músicas é que vos levaram nessa direção?
Não tenho bem a certeza do que queres dizer! (risos) Acho que o Doom aparece em todos os discos de StS, mas não deixa de ser verdade que este disco tem alguma falta daqueles elementos de Black Metal que estão presentes em alguns dos nossos discos. Este disco é midtempo, por isso sim, o Doom está muito presente.

Em Lumina Aurea trabalharam com o Einner Selvik dos Wardruna e com o Marco, dos The Foreshadowing. O que é que eles trouxeram a este tema e o que tens a dizer sobre o trabalho deles?
Os Wardruna são uma das bandas favoritas do Juha e estamos muito felizes por ter o Einer neste disco. Também já fizemos uma digressão com os The Foreshadowing, por isso também conhecemos esta malta, são uns lunáticos! Percebes facilmente que o Lumina Aurea não é um trabalho de uma banda, pelo menos na forma tradicional. É mais uma coisa cinematográfica, daí estes convidados, e ainda bem que eles aceitaram. O Juha sempre teve uma visão muito clara do que queria e no final percebemos que ele não falhou os cálculos e não errou! (risos)

Sentes que é honesto dizer que estes dois lançamentos são uma afirmação clara do que é o poder do amor? O que aprenderam com toda esta dor e estes sentimentos tão puros?
«A morte é mais forte que a vida, mas o amor é mais forte que a morte». O que aprendi neste disco é que há pessoas que nascem som uma sensibilidade tremenda. Também aprendi que a melhor forma de lidares com alguém nestas circunstâncias é estares presente. Para ser honesto este amor divino ainda é um mistério para mim, ainda não passei por isso, mas talvez goste demasiado de mim! (risos)

Estiveram em Portugal há uns anos, lembraste de alguma coisa desses concertos? Existem planos para irem para a estrada?
Só toquei no Porto, por isso não tenho histórias de Lisboa. Gostei muito do Porto, foi um dos locais mais calorosos na digressão de 2016 e gostei muito do Sol. Depois de algumas datas na Finlândia vamos partir em digressão com os Children of Bodom e Wolfheart, mas apenas nos Estados Unidos. Julgo que haverá depois uma digressão pela Europa mas ainda não tenho detalhes.

Os Swallow The Sun estão prestes a celebrar as duas décadas de carreira. Como é que olhas para o trajecto da banda e o que podemos esperar no futuro?
É uma carreira muito longa para uma banda de Metal, digo eu! (risos) Não quero olhar para o futuro agora. Neste momento quero apreciar este disco e ver o que vem a seguir. Possivelmente um novo disco, claro! (risos)

Queres deixar uma mensagem para Portugal…
Saudações a todos os fans de Swallow The Sun e a todos os metalheads! Convido-os a ouvir o When a Shadow Is Forced Into The Light e que o comprem se gostarem! Espero que possamos ir aí em breve. Fiquem bem e mantenham-se sombrios e Doom!

Nuno C. Lopes  

Melómano convicto, dedicado ás sonoridades mais pesadas. Fotógrafo, redactor, criativo. Acredita que a palavra é uma arma. Apesar de tudo, até é boa pessoa.


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