15 Jun 2024 a 23 Jun 2024

Ed Sheeran: O one man army que comandou 80 mil tropas – Rock in Rio 2024: Dia 2

Ed Sheeran: O one man army que comandou 80 mil tropas - Rock in Rio 2024: Dia 2

Dedicado ao pop mais ligeiro, o segundo dia de Rock in Rio foi um piscar de olho aos mais novos e às músicas mais tocadas das rádios jovens do país.

Tal como no primeiro dia de festival, no segundo também foi um artista português que abriu as hostes no palco Mundo. Desta vez, coube a Fernando Daniel a difícil função de convencer todos os que estavam em filas infindáveis para vir ouvir um pouco de música. Mas a verdade é que foram muitos os que chegaram cedo ao Parque das Nações para ouvir o artista que se deu a conhecer no programa de televisão The Voice Portugal.

Fernando Daniel apresentou-se ao piano e com uma blusa quase tão transparente como as letras que escreve. Começa com Outra Vez, e passou por Prometo, que explicou ter sido escrita como homenagem à sua “pequenota”, que assistia ao concerto em casa.

A maior surpresa deste início de tarde foi mesmo o convidado especial que Fernando trouxe: Lukas Forchhammer, o vocalista da banda Lukas Graham, que subiu ao palco para cantar Casa, do artista português. Este convite surgiu através do TikTok do Fernando Daniel, que confessou a sua admiração pelo colega de profissão.

Foi um momento particularmente surpreendente, pois o dinamarquês, que não sabe falar português, leu a letra através do seu próprio telemóvel, com um sotaque bastante digno. Desvendaram ainda a segunda surpresa do dia: Fernando Daniel também iria atuar com Lukas Graham às 21:15 no palco Galp.

Voltas e Espera são quase hinos e são as músicas que escolhe para se despedir deste ajuntamento de fãs que cantou tanto ou mais do que Fernando Daniel.

De artista pop masculino para artista pop masculino — são quase todos, neste dia — passamos pelo palco Galp para ver o concerto de Jake Bugg, o artista britânico que alcançou o n.º1 no top em 2012, com apenas 18 anos. A verdade é que não chamou a atenção de muitos festivaleiros… muitos dos que estavam no mini-vale que constitui o palco secundário, estavam sentados, mas curiosamente nas filas da frente existem algumas bandeiras do Brasil e uma ou outra camisola da seleção canarinha — vá-se lá saber porquê.

A versão acústica de Broken foi acompanhada por alguns dos que passavam pelo palco. Tocou algumas músicas que ainda não saíram e prometeu que está para breve o lançamento do seu próximo álbum. Os seus maiores hits foram deixados para o fim da setlist, como já é comum. Lightning Bolt, Simple Pleasures e All I Need foram as músicas escolhidas pelo inglês para acabar esta atuação no Rock in Rio.

Ao final da tarde e de volta à principal atração, é a vez de Jão se estrear no Rock in Rio. O artista que tem esgotado estádios no Brasil, apresentou-se em Lisboa com um espetáculo baseado num programa de rádio — na estação Super FM.

Quando entrou de colete brilhante, cabelo pintado de loiro e estrelas nas calças, parecia que íamos assistir a um concerto de um autêntico ‘divo’ da Pop. Contudo, não passou de um concerto que parecia sempre prestes a crescer, mas nunca saiu do Cruise Control.


O cantor brasileiro acompanhado por uma banda cantou alguns dos seus maiores hits como Idiota e Lábia. No mês do orgulho, dedicado à comunidade LGBT, não podia faltar o que já é quase um hino brasileiro da bissexualidade, Meninos e Meninas.

No alinhamento de Jão ainda surgiram Pilantra e Exagerado, músicas que divide com Anitta e Luísa Sonza, respetivamente. O auge do concerto foi mesmo com o êxito de rádio — e não é só na Super FM — Idiota.

Temos de percorrer o recinto todo para ver o próximo concerto, de Lauren Spencer-Smith, que se deu a conhecer ao mundo artístico no American Idol, em 2020, com 16 anos. Agora com 20 anos, a cantora canadiana, que nasceu no Reino Unido, é um autêntico fenómeno do TikTok.

Se no estilo de música e de composição faz lembrar Olivia Rodrigo e Tate McRae, no estilo de roupa que usa faz mesmo lembrar Billie Eilish: uns calções, uma camisa oversized e um casaco sem mangas por cima.

Uma atuação que foi uma boa surpresa. Acompanhada por banda apresentou alguns dos temas do seu álbum mais recente como That Part e Bigger Person, mas também cantou covers que já todos conhecemos como Rumour Has It de Adele e Someone You Loved de Lewis Capaldi. Um dos momentos mais altos do concerto foi quando perguntou: “Há aqui alguma swiftie?”, e após resposta afirmativa ouvimos uma versão de Style de Taylor Swift. O concerto fechou com as duas músicas que foram virais na internet, Fingers Crossed e That Part, que foram cantadas religiosamente por quem habitava nas primeiras filas. Ficamos à espera de que Lauren regresse a Portugal, porque claramente tem fãs suficientes para voltar.

Tal como Fernando Daniel e Lauren Spencer-Smith, o próximo artista a atuar no palco Mundo também deve o seu início de carreira a um programa de televisão. Callum Scott deu os seus primeiros passos na música quando participou no Britain’s Got Talent. Ficou em 6.º lugar, mas como sabemos o importante não é ganhar o concurso, mas sim o reconhecimento do público e Callum Scott não abriu para Ed Sheeran caído de paraquedas.

O concerto começou com Lighthouse, um avanço daquele que será o próximo álbum do inglês. Trata-se de uma música bastante mexida, que contrasta com um concerto cheio de baladas. Tem um grande sentido de humor e brinca várias vezes com a quantidade de pessoas que estão naquela colina para o ver: “Nunca vi tantas pessoas no mesmo sítio e isso faz-me sentir doente”, explica.

Demorou a chegar à sua zona de conforto, as músicas mais sentimentais, mas quando chegou foi até ao fim do concerto. Músicas como Biblical ou If Our Love is Wrong — com referência ao mês do orgulho — não moveram as massas que assistiam ao concerto. Teve mesmo de chegar a You Are The Reason para ouvirmos o primeiro coro afinado deste fim de tarde. “Esta foi uma das atuações mais emocionantes desta canção”, explicou, depois de chorar.

Para acabar o espetáculo, não podia deixar de fora o hit que o tornou viral durante a sua participação no Britain’s Got Talent: uma versão de Dancing On My Own, de Robyn. Não dançou sozinho, nem com poucos a acompanharem-no; foi o momento mais alto do concerto, acompanhado pelo mar de gente que ali se havia juntado.

A maior enchente do fim de semana foi mesmo no concerto de Ed Sheeran, que 10 anos depois da sua estreia no palco Mundo, volta como cabeça de cartaz. Assim que aparece nos ecrãs o grafismo do artista inglês, são só gritos que ouvimos na Cidade do Rock. Sobe a palco apenas com a sua guitarra e com Castle on the Hill, música em que tivemos uma falha de som.

Curiosamente, no início do concerto, estávamos num sítio onde o som não chegava na maior qualidade e até parecia um volume baixo. Movemo-nos para outro sítio e agora, sim, prontos para assistir ao ruivo que condiz com os chapéus laranja que muitos membros do público utilizavam.

Os concertos de Ed Sheeran são fascinantes, é apenas uma pessoa, uma guitarra, dois microfones, um teclado e um looper. Não há banda, nem backing track. Nos ecrãs aparecem uns filtros foleiros, às vezes caleidoscópio, outras vezes com fogo, mas quase sempre foleiros. A verdade é que não precisa de artificialidade para dar um bom concerto. Dá vontade de citar Salvador Sobral.

Durante uma hora e meia, Ed Sheeran foi o one man army que comandou as tropas. Deu um concerto dentro do esperado e poucos foram os que não ficaram até ao fim.

Nota: Ed Sheeran não permitiu fotografias pela imprensa.

Tomás Lampreia  

O Tomás gosta de ler, escrever, ouvir e ver. Tem 19 anos e é estudante de Jornalismo, na Escola Superior de Comunicação Social. Sonha ser tudo, mas ainda não é nada.


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Mais sobre: Calum Scott, Ed Sheeran, Fernando Daniel, Jake Bugg, Jão, Lauren Spencer Smith


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