23 Jun 2018 a 30 Jun 2018

E eis que, ao terceiro dia, se fez rock (e chuva) no Rock In Rio Lisboa 2018

E eis que, ao terceiro dia, se fez rock (e chuva) no Rock In Rio Lisboa 2018

São Pedro mostrou quem era o Santo do dia e carregou nos aguaceiros. Podia ser a sinopse meteorológica para a cidade de Lisboa, mas é mesmo parte do resumo do 3º dia do Rock In Rio.

Depois de cozinharmos sob o sol da Bela Vista, e de passarmos por um processo de enlatamento com a enchente de Bruno Mars, 29 de Junho foi dia de perdemos a dignidade, de nos munirmos de impermeáveis de aspeto duvidoso e enfrentar a chuva.

O cenário para o concerto de Manel Cruz no Music Valley não era o mais animador. Meia dúzia de almas abrigadas nas árvores, meia dúzia de corajosos à chuva e vá, outra meia dúzia (e respetiva orelha) em palco. “Boa tarde! E não estou a ser irónico” dizia Manel Cruz. Não era um panorama idílico, mas pouco depois das 17h Manel Cruz e a sua banda, subiam a palco e vieram justificar a presença dos corajosos. Para os que ficaram até ao fim, o concerto durou mais de uma hora, e entre muitos novos temas, nomeadamente do novo álbum como Cães e Ossos, surgiram alguns brindes para o público. Entre eles, Capitão Romance dos Ornatos Violeta e Canção da Canção da Lua, de Foge Foge Bandido.

A poucos metros de distância o angolano Nástio Mosquito e a DZZZ Band esforçavam-se para cativar os que passavam pela EDP Rock Street a sentir a mescla de ritmos do Huambo. Lamentavelmente, parecia que todos tinham desistido e voltado a enfiar-se em casa. Mais tarde a rua receberia Moh! Kouyaté, músico da Guiné-Conacri.

O pinga-pinga continuava, mas às 18h era tempo de rumar ao Palco Mundo para revermos uns amigos de Manchester que gostam mesmo mas mesmo de Portugal, James. Se o arranque com Hank, tema do novo álbum, parecia estar a meio gás, em Sit Down foi como se de repente todos tivessem largado a manta e o sofá para correr para a Bela Vista. Foi o trunfo necessário para que o público esquecesse a chuva e se entregasse de corpo e alma à música. Não tardou muito para que também Tim Booth se entregasse ao público e ao desfile habitual entre a plateia. Quando voltou a palco não nos perdoou uma lição de moral sobre a fixação aos telemóveis, “querem viver no momento ou querem viver uma memória?”. Entre alguma crítica política, e alguns novos temas, não faltaram outros trunfos habituais, e sempre certeiros como Sometimes ou Laid.

Enquanto James continuavam a festa, os lisboetas Capitão Fausto subiam ao palco do Music Valley para “tentar tornar a chuva mais agradável”. Apesar do arranque dificultado com o som do microfone de Wallenstein pouco ou nada audível em Célebre Batalha de Formariz, tudo rapidamente se alinhou com um generoso grupo de fãs a permitir refrões em uníssono e uma tentativa de mosh que, vá-se lá saber como, surge sempre nos concertos da banda. Para o concerto chamaram Luís Severo, com quem tocaram ao vivo pela primeira vez.

Ainda na música nacional, 19h45 era a hora marcada para o regresso dos Xutos & Pontapés ao Rock In Rio Lisboa, mas desta vez com um twist, o primeiro regresso sem o guitarrista Zé Pedro.

Já se sabia que seria um concerto de homenagem, mas os Xutos, e claro, o público presente, conseguiram tornar este momento numa daquelas memórias de nos deixar de sorriso na cara, mais não fosse por nos lembrarmos do sorriso sereno de Zé Pedro.

O arranque fez-se com À Minha Maneira, e como já nos têm habituado, o concerto foi um desfile de hits devidamente acompanhados pelo público como Circo de Feras, Homem do Leme, Contentores ou Não Sou o Único, a última escrita por Zé Pedro.

Quando Tim anunciou que iriam voltar a tocar com Zé Pedro em palco os ecrãs preencheram-se com imagens do guitarrista no concerto no estádio do Restelo, e assim começou Para Ti Maria. Com ou sem significado místico, com o decorrer do concerto os metros cúbicos de chuva aumentaram consideravelmente na Bela Vista mas não houve alma que ponderasse sair.

Para o final guardaram Casinha e ao palco chamou-se o Presidente da República Marcelo Rebelo de Sousa e muitas outras personalidades da política, das artes, do jornalismo, amigos e claro, família de Zé Pedro.

Não foi um momento de pranto, muito menos de lamentação, foi uma festa, uma bonita e mais que merecida celebração da vida de Zé Pedro que, como Tim lembrou, “está com todos”.

O primeiro concerto da noite sem chuva foi oferecido aos norte-americanos The Killers. Cinco anos depois de terem atuado no Meco, e já com Wonderful Wonderful lançado em 2017, era já mais que tempo para um regresso da banda de Las Vegas.

Os confettis não se lançaram no fim, foram mesmo no início. O arranque fez-se com The Man e em menos de nada estava lançado Somebody Told Me, tema de 2004, e provavelmente um dos temas mais gloriosos do universo rock alternativo, e que marcou o início do milénio.

Brandon Flowers continua a ser um poço inesgotável de energia e carisma e convidou todos a sair das jaulas desde cedo, palavras dele, não minhas!

Temas com Runaways ou Shot at Night foram levando a um crescendo da entrega do público, mas para o fim, e com um acompanhamento sublime dos fãs presentes ficaram Read My Mind, All These Things That I’ve Done (com Brandon já de olhos bem brilhantes) e When We Were Young.

O encore foi feito com Human e claro, a mais que adorada Mr. Brightside.

A festa continuou no Palco Mundo com a dupla de música eletrónica britânica, The Chemical Brothers. Não lhes faltam efeitos visuais, não lhes faltam ritmos frenéticos e muito menos público, louvável para praticamente 30 anos de carreira.

N.R.: Por opção da banda não nos foi possível fotografar o concerto dos The Killers

N.R.: Por opção da banda não nos foi possível fotografar o concerto dos The Killers

O Rock in Rio Lisboa termina hoje, dia 30 de Junho de 2018, num dia forte no girlpower com Hailee Steinfeld, Ivete Sangalo, Jessie J, Katy Perry e muitos outros.

Mónica Borges  

Acho todos os cães bonitos, gosto de festivais e ainda mais de imperiais.


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Mais sobre: Capitão Fausto, James, Manel Cruz, Moh! Kouyaté, Nástio Mosquito, The Chemical Brothers, The Killers, Xutos & Pontapés


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