De Do=s a 200: Diogo Piçarra estreou-se no Coliseu
Não é só o talento ou esforço e compromisso que tem para com a sua música. Não são as tatuagens ou a cara gira. Há algo mais no “movimento Piçarra” que leva os fãs à berraria que se ouviu na noite passada, que faz filas das bilheteiras até ruas distantes e que esgota dois coliseus: Porto e Lisboa.
Foram duas horas de concerto, sem pausas, sem descanso na emoção e com muitos “Diogo, és lindo!” e “Estamos aqui, Diogo”. Uma estreia de casa cheia. Na fila da frente, ansiosos, estão os fãs com hoodies da “Team 90” e do “Dois”, já de telemóveis na mão para não deixar um segundo não captado em vídeo ou fotos.
Se o público antes era mais jovem, agora é algo transversal. O som mudou, está mais electrónico e menos acústico, mas os temas de sempre mantêm-se. Também a fantástica banda marca a sua presença num balcão no palco. Com novo álbum, Do=s, Diogo Piçarra trouxe ao coliseu um espetáculo visual intenso, fazendo-se acompanhar de dois bailarinos gêmeos que dão uma nova dinâmica aos beats mais fortes. No bolso, trouxe também surpresas e convidados.
Falou-se de tudo um pouco. Comecemos pela importância da família, porque “a famílía é para sempre”. Foi com 90, tema dedicado ao irmão André Piçarra, que Diogo nos levou a uma viagem ao tempo onde ser criança e feliz era o que mais importava, sempre com o amor e apoio daqueles a quem ama. E daqui passamos para a parede do amor, a Wall of Love, onde, na plateia, o corredor da direita tem que competir com o da esquerda para ver quem grita mais alto e no final há um abraço colectivo, sem olhar a género ou raça.
O autor de Do=s falou também sobre o quão triste o deixa ser diariamente invadido por más notícias ao abrir as redes sociais: “chega de incêndios, chega de violência, chega de terrorismo”. Algo que nos diz respeito a todos e que demonstra a necessidade de mais amor e entendimento entre povos e gerações.
Entre a lista de convidados temos Valas, para o tema Ponto de Partida, calorosamente recebido pelos aplausos dos presentes. Um artista do leque de novos talentos que também faz a malta jovem vibrar. E de um passamos a outro. Também Jimmy P subiu a palco para dar voz a Entre as Estrelas, tema dedicado às perdas e à vontade de reencontros. O artista do Norte reforçou que “estamos juntos” e mostra-se contente por fazer parte deste espetáculo.
Para os meninos também havia uma surpresa chamada April Ivy, a jovem cantora que dá nas vistas e encanta ao lado de Diogo no tema Não Sou Eu. Ela dança e eles gritam. E por falar eu aplausos, não é possível deixar de referir Anavitória, directamente das águas quentes do Brasil para o solo nacional, para ser trevo de quatro folhas. Ao longo da plateia, um a um, ergueram-se desenhos de verdes trevos como agradecimento e conexão ao tema Trevo (Tu).
Porque também somos feitos do passado, o jovem artista disse algo que há algum tempo não se ouvia e que soou estranho, mas ao mesmo tempo familiar: “bem vindos ao Espelho”. Já lá vão dois anos e meio desde que o disco de estreia foi lançado e percorreu salas como o Armazém F e o CCB. Mas a multidão fica de coração cheio a ouvir estes anteriores temas, como Margem, Breve e Sopro.
Para fazer uma pausa na adrenalina, chegou ao palco um piano para acompanhar Diogo na homenagem aos Linkin Park. Algo que ganha sentido após a recente morte de Chester Bennington, um exemplo artístico para Diogo, pois cresceu a ouvir o vocalista de uma das mais mediáticas bandas rock desta geração. Soaram temas como Crawling, Numb, entre outros.
E terminou em grande este Caminho entre o novo álbum e o trabalho de estreia, finalizando a noite com 200 e o tão aguardado Dialeto. Já Não Falamos meteu todos a dançar e pode considerar-se que foi um espetáculo Mágico. Com um sólido percurso e muita vontade de vencer, fica no ar a expectativa para a próxima atuação.
Edição: Daniela Azevedo