Deus no Céu, Tool em todo o lado
Os Tool atuaram a 2 de junho na Altice Arena, em Lisboa. Estamos a poucos minutos das 21horas quando James Maynard Keenan e companhia sobem ao palco perante uma Altice Arena “ao barrote”. Já se sabia que esta seria uma noite memorável, mas foi muito mais que isso.
Passaram 13 anos desde a última aparição dos Tool por estas bandas. Naquela altura a banda promovia 10.000 Days que é também o último registo da banda. Com um novo disco (ao que parece) cada vez mais próximo, os Tool aparecem em grande forma numa noite de reverência e devoção a uma das grandes bandas do rock actual.
Depois de alguns avisos sobre a captação de imagens e de dispositivos digitais, as luzes apagam-se e uma estrela de sete pontas emerge num palco aparentemente despido. Maynard está escondido junto à bateria de Danny Carey, deixando toda a frente do palco para a dupla Adam Jones/Justin Chancellor. O quarteto agarrou o mar de gente à sua frente aos primeiros acordes de Ænema e, a partir daí o desconhecido era a próxima paragem. Os Tool tão perto e tão longe. Já se sabe que o quarteto norte-americano é pouco dado a grandes comunicações e deixa que a sua música fale e se eleve perante tudo o resto.
Com uma iluminação grandiosa e um jogo de luzes desafiante e perto da perfeição, os Tool apresentam muito mais do que música: são paisagens mais ou menos sinistras que são, ao mesmo tempo, belas na sua essência e que permitem viajar. A música destes senhores é feita para ser escutada e filtrada; é música para libertar a mente.
Num alinhamento em que temas como The Pot, Parabol/Parabola (tocadas numa só) ou Schism foram paragens obrigatórias, houve ainda tempo para um olhar sobre o que aí vem (por entre as cortinas viu-se uma data: 30 Agosto. Um sinal, talvez!) e, preparem-se, pois os Tool estão de regresso e mais fortes que nunca.
Ao fim de pouco mais de hora, Maynard autoriza, finalmente o uso de telemóveis, e apenas na última malha, Stinkfist. Mas o que interessa? Os Tool saem de palco e no imenso mar de gente fica uma noite memorável. Há quem chore, há quem absorva os últimos momentos. Há quem se levante, gente que se senta. Os Tool são a maior banda do mundo, seja ele qual for.
Por todos os motivos (e mais uns quantos) este foi, até agora, o concerto do ano.
Aos Fiend couberam as honras de abertura, quando muitos já garantiam as suas posições na plateia, e os franceses deram boa conta do recado e souberam ser o que lhes era pedido. Deram boas indicações e suscitaram os primeiros aplausos. Cumpriram o seu papel sabendo que as estrelas não eram eles.