Abóboras com azeite – A reportagem no concerto de Helloween na Sala Tejo
A Sala Tejo, mesmo ali nas traseiras da Altice Arena, encheu-se para receber a Pumpkins United. Depois de uma passagem pelo Vagos Metal Fest em 2016, os germânicos Helloween voltaram a Portugal para a digressão que junta Kai Hansen, Andi Deris e, claro, Michael Kiske. Foram três horas de concerto com muito metal e, claro, algum azeite.
Let me Entertain You é a música que encerra o som ambiente. Por esta altura já a Sala Tejo se encontra bem composta e pronta para receber os Helloween. A expectactiva era palpável. Afinal, estamos a falar daquela que é, para muitos, a fundadora do “power metal” e que é, para tantos outros, uma banda de culto. Talvez por isso mesmo a multidão ia dos 8 aos 80, literalmente.
Desde 2017 na estrada, esta Pumkin United traz uns Helloween bem oleados e com energia para dar e vender. Claro que uma das maiores curiosidades seria perceber como seria a interação entre Deris e Kiske, ao mesmo tempo que era, para muitos, o maior receio. Tudo isso foi desfeito nos primeiros temas, Halloween (15 minutos para aquecimento) e Dr. Stein, cantados em conjunto, e que foram o mote para três horas de puro entretenimento e, claro, algum “azeite” à mistura. Mas isso não interessa nada.
No palco, além de um enorme ecrã onde Jack O. Lantern, a temível (mas divertida) mascote dos germânicos, ia mostrando os pedaços de história da banda, intercalando os temas de forma a que todos percebessem o que aí vinha, existia alguma decoração “made in” Helloween e uma passadeira por onde todos, sem excepção, se passearam ao longo de todo o concerto.
Com uma carreira iniciada nos anos 80, os Helloween sabem, como ninguém, as regras, ou não tivessem sido as mesmas criadas por eles. Por isso, é sempre com emoção que temas como I’m Alive (com Kiske), If I Could Fly e Are You Metal (ambas com Deris) se entoam numa Sala Tejo rendida à sua história, num regresso ao passado que, certamente, trouxe boas memórias a toda a plateia. Como seria de esperar, muitos dos holofotes estão fixos em Kai Hansen, a mente por detrás da banda e um dos melhores guitarristas do género. Porém, o músico nunca se deixou intimidar e as idas à frente do palco iam-se sucedendo, fosse com quem fosse, e o guitarrista ainda se chegou “à frente” em temas como Starlight, Judas e a clássica Heavy Metal is The Law.
Claro que os Helloween já não são uns meninos e sabem como ninguém como agradar à sua audiência e, numa viagem no tempo, há ainda a lembrança de Ingo (falecido em 1995) com um solo que ainda hoje é histórico. Naturalmente que aqui também se faz o agradecimento a quem partiu. A festa continua.
Enquanto os temas se sucediam foi-se percebendo, aqui e ali, algumas falhas de som e algumas discrepâncias nos volumes, principalmente em temas como Waiting For The Thunder ou Sole Survivor, mas a banda soube sempre dar a volta por cima.
Já em regime “encore” e para gáudio do público, vieram os clássicos Eagle Fly Free e, claro, Keeper of The Seven Keys (com ambos os vocalistas em palco), sons eternos que para sempre estarão em qualquer “metalhead” que se preze. A festa poderia acabar aí, caso os Helloween fossem uma banda comum, mas não o são, por isso, num segundo “encore” chega a magia de Kai Hansen, com um belo solo de guitarra que servia de ponto de partida para o final com Future World e, claro, a velhinha mas sempre eficaz, I Want Out. A reunião termina, a máquina do tempo é destruída por Jack, balões gigantes voam na Sala Tejo, confettis no ar. Público aos saltos, numa simbiose perfeita com uma banda que será sempre uma das maiores e um público que respeita os seus mestres. Quem diz que o “azeite” é piroso não sabe o que diz. Quem diz que o metal não pode ser divertido é porque não sabe o que diz. Se esta reunião for o adeus aos Helloween, então eles sairam pela porta grande. Foram três horas de concerto que passaram a voar e os Helloween cumpriram o que se espera deles. Isto é heavy metal.