Samuel Úria volta a dar provas do seu crescimento no Olga Cadaval

Samuel Úria volta a dar provas do seu crescimento no Olga Cadaval

Autor de Carga de Ombro apresentou-se na sala sintrense com convidados especiais e surpresas no alinhamento

Mas o que é que ele ainda tem de fazer? Foi o que nos veio à cabeça, quando nos apercebemos que a sala principal do Centro Cultural Olga Cadaval estava a meio gás para receber Samuel Úria. É que as últimas vezes que o vimos foram a encher salas na baixa lisboeta num festival de gabarito e a pôr toda uma eira ao rubro numa aldeia ribatejana, e tendo essas memórias bem frescas é difícil imaginar alguém a não achar boa ideia vir vê-lo num auditório em Sintra, com convidados e tudo.

Não somos os primeiros nem seremos os últimos a achar que Úria é um dos melhores escritores de canções que já tivemos o prazer de ouvir no nosso país, mas deveremos ainda realçar que para além de as escrever com particular aptidão, o tondelense também as entrega em palco com notável eficiência. Apoiado por uma muito competente banda e um belíssimo coro, Samuel Úria tem em palco a versatilidade de um badaleiro crooner (Lamentação) ou de um panque roquer frenético (Teimoso e a versão aportuguesada de Molly’s Lips, dos Nirvana – Os Lábios da Amália, claro está), mas tem também um punhado de belas canções só à guitarra. Ao Tem Dela – ode à terra natal com que iniciou a noite – é um óptimo exemplo disso, bem como Para Ninguém (editada apenas no volume dois da colectânea Voz e Guitarra) ou Barbarella e Barba Rala.

Estrelas maiores em palco (bom, a seguir às canções em si) foram os jovens do coro que acompanha Úria sempre que este os possa trazer consigo. São estes “irmãos da fé” que elevam grande parte dos temas, especialmente os do mais recente disco, como Dou-me Corda e Carga de Ombro, e também em Espalha-Brasas ou Império, do anterior Grande Medo do Pequeno Mundo. Para completar a constelação houve convidados especiais: Tiago Bettencourt fez a parte de Manel Cruz na sempre arrepiante Lenço Enxuto e ofereceu a sua Se Me Deixasses Ser, enquanto Camané foi o gigante do costume: primeiro no tema do anfitrião Não Arrastes o Meu Caixão e depois em Sei de Um Rio.

No último encore, Úria entrou sozinho em palco com um pequeno teclado Casio herdado do pai e deu voz a uma tenra versão de De Volta Para o Meu Aconchego, de Elba Ramalho. Os convidados ainda voltaram a entrar em cena, com Bettencourt e Úria a juntarem-se para um fado de Coimbra (Romagem à Lapa) e depois com todos os músicos a acompanharem a voz de Camané em Adeus, Que Me Vou Embora, tema do génio Variações repescado pelos Humanos. Final em tom nostálgico de uma noite em que Samuel Úria voltou a provar que só sabe mesmo crescer, sorte a nossa de podermos indo acompanhando a viagem.

 

Nota da redação: infelizmente não nos foi possível fazer reportagem fotográfica neste concerto
Edição: Daniela Azevedo

Teresa Colaço  

Tem pouco mais de metro e meio e especial queda para a nova música portuguesa. Não gostava de cogumelos mas agora até os tolera. Continua sem gostar de feijão verde.


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