Podíamos lá esquecê-los! – Simple Minds, no Coliseu dos Recreios

Podíamos lá esquecê-los! - Simple Minds, no Coliseu dos Recreios

A completar 40 anos de carreira, os Simple Minds visitaram Lisboa, a 3 de maio, mostrando uma boa forma que torna impossível não lhes colar de imediato a óbvia etiqueta: Alive and Kicking! O Alexandre Paixão passou pelo Coliseu, para fotografar, na companhia da Carla Flores, que rabiscou estas linhas para todos vós.

 

Com a primeira parte a cargo de KT Tunstall, a noite escocesa no Coliseu dos Recreios teve por principal objetivo a apresentação de Acoustic, o álbum que reúne temas de um percurso com quase duas dezenas de álbuns publicados, seis deles a atingirem o primeiro lugar do top britânico.

Acoustic constitui uma homenagem à música dos Simple Minds e aos seus fãs, motivo pelo qual a banda assumiu ter havido um cuidado especial no tratamento dos temas. O disco tem na sua origem um concerto do verão passado no Zermatt Unplugged Festival, nos Alpes Suíços e uma motivação bastante prosaica: “muito dinheiro!”. A explicação veio do próprio Jim Kerr, senhor de um enorme sentido de humor, que apresentou, na sua essência, os escoceses ao público português: são pessoas que gostam de comer até criar barriga e de beber (particularmente whisky); falam inglês com sotaque de James Bond – dos bons velhos tempos, obviamente. E, como qualquer comum mortal, precisam de dinheiro. Dito isto, se ao argumento quase irrecusável de “muito dinheiro”, adicionarmos dois chocolates toblerone e muita energia, temos todos os catalisadores para a produção de um excelente disco. Junte-se um conjunto de músicos muitíssimo competentes e um apoio vocal de grande qualidade, liderados por um cantor que continua a dar provas de excelência e o sucesso da digressão parece ser inevitável.

Um solo da brilhante Cherisse Ossei abriu o espectáculo quando faltavam dois minutos para a hora marcada e foi um Coliseu já em festa que recebeu a restante banda. Findo o primeiro tema New Gold Dream (81-82-83-84), durante o qual atravessou a plateia, saindo da sala por uma das portas laterais, Jim Kerr tinha a sala completamente rendida, desvanecendo eventuais dúvidas sobre a animação do concerto.

O vocalista fez as honras da casa, estabelecendo uma interacção próxima e constante com o público, que incluía pessoas mais novas que muitos dos temas interpretados. Kerr mostrou que se pode ser líder sem tiques de vedeta e que é possível ser estrela sem estar sob o brilho constante dos holofotes. Como tal, não hesita em ceder o seu lugar dianteiro à fantástica Sarah Brown.

Através da cumplicidade com a banda, sobretudo com as senhoras, colocadas em grande destaque, o vocalista dos Simple Minds estabeleceu um ambiente de enorme dinamismo, sem nunca perder de vista o equilíbrio harmonioso desejável num espectáculo com base acústica.

A merecida visibilidade dada a Osei, na percussão, e a Sarah Brown, na voz, não eclipsou os restantes músicos que nos levaram numa viagem que passou por temas que fizeram destes jovens de Glasgow uma das bandas de maior sucesso dos anos 80.

Recordamos sucessos como Chelsea Girl, Mandela Day, Someone, Somewhere in Summertime mas também versões de temas de Bowie (Andy Warhol) ou Dancing Barefoot (de Patti Smith) interpretado por Sarah Brown.

Após Sanctify Yourself e uma curta saída de palco, a banda fez-se acompanhar de KT Tunstall com quem Kerr cantou Promissed You a Miracle e For What is Worth.(de Buffalo Springfield).

Os Simple Minds souberam manter a sua qualidade, com um Kerr igual ao de há 30 anos, se exceptuarmos a variação proporcional de perda/ganho de cabelo e peso. A provar a sua grande vitalidade, os escoceses conseguiram algo que não se vê todos os dias no Coliseu: toda a sala de pé a acompanhar Don’t You (Forget About Me).

Como esperado, coube ao aclamadíssimo Alive and Kicking fechar o concerto para um público que saiu visivelmente satisfeito da sala lisboeta aplaudindo a banda ao som de Let’s Stay Together, tornando claro que ninguém os esqueceu.

Edição de Joana Rita

Setlist dos Simple Minds no Coliseu de Lisboa

  • New Gold Dream (81-82-83-84)
  • See the Lights
  • Glittering Prize
  • Mandela Day
  • Chelsea Girl
  • Big Sleep
  • Stand by Love
  • Someone Somewhere in Summertime
  • Waterfront
  • Andy Warhol (David Bowie cover)
  • Dancing Barefoot (Patti Smith Group cover)
  • Speed Your Love to Me
  • Don’t You (Forget About Me)
  • Sanctify Yourself
  • Encore – Honest Town (Prince cover)
  • Encore – Promised You a Miracle
  • Encore – For What It’s Worth (Buffalo Springfield cover)
  • Encore – Alive and Kicking

Carla Flores  

A repórter de guerra sonhada aos 10 anos deu lugar à professora de inglês que se dedicou a outras lutas, como a da promoção da leitura e a aquela coisa do "ah e tal, vamos lá mudar o mundo antes que ele nos mude!


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