24 Mai 2019 a 25 Mai 2019

North Music Festival, o dia do punk cigano de Emir Kusturica e o rock empoderado dos Bush

North Music Festival, o dia do punk cigano de Emir Kusturica e o rock empoderado dos Bush

Arrancou na passada sexta-feira mais uma edição do North Music Festival. O espaço na Alfândega do Porto e o ambiente continuam muito semelhantes ao ano anterior.

O recinto praticamente encheu. O rio Douro continua a embelezar o cenários. E nós continuamos aqui, para te contar tudo o que precisas de saber.

Os Expensive Soul fizeram as honras da casa e iniciaram as atuações do palco principal. Celebraram 20 anos de carreira com uma animada plateia que se foi compondo ao longo do concerto. Embora, como já tínhamos previsto na antevisão do festival este dia demarcou-se sobretudo pelos artistas internacionais.

From the Balkans to the World

Bem se fez ouvir o gypsy punk balcã de Emir Kusturica & The No Smoking Orchestra. Como esperado, entraram com uma energia contagiante, fazendo do palco e do recinto uma vasta pista de dança. Deixamo-nos dominar pelo mais recente álbum Corps Diplomatique (2018) e hinos dos filmes de Emir: Time of The Gypsies, Life is a Miracle e até Black Cat, White Cat. Além disso, entre canções os The No Smoking Orchestra entreteram-nos sempre com o tema da Pantera Cor de Rosa de Henry Mancini (1963).

Kusturica deu trabalho às articulações entre incríveis saltos e pontapés no ar, demonstrando-se sempre imparável (se chegarmos aos 64 anos com metade daquela flexibilidade já nos damos por felizes). Proporcionou-nos diversos momentos de comic relief durante a noite, num deles colocou uma plateia inteira a cantar o refrão de Fuck You MTV, tema que faz parte do novo disco. A meio do concerto saiu do palco seguido de alguns membros da banda, deslocou-se pelo meio da multidão até à régie e voltou. Deu tempo para dançar com os fãs, saltitar ainda mais e até tirar selfies enquanto dedilhava uns acordes. Já sabemos a quem é que o Marcelo foi buscar inspiração agora…

Hinos da década de 90

O concerto dos britânicos Bush foi sem dúvida um remember do grunge e pós-grunge dos anos 90. Aliás, como sempre nos habituaram. Dos grandes êxitos, só faltou Inflatable, mas tendo em conta a assonância de rock empoderado que se manteve do início ao fim, percebemos o porquê de deixarem a balada para trás. E tal como tinha feito em Vilar de Mouros (2002) e em tantos outros concertos em Portugal depois desse, o vocalista Gavin Rossdale voltou a mergulhar pela plateia. Desta vez foi enquanto cantava This is War, não posou para as selfies como Emir mas abraçou calorosamente uma multidão de fãs.

What an incredible place to play! This is beautiful from up here.

Nós acreditamos que seja. Com Swallowed ficou mais bonito ainda. As luzes de telemóveis e alguns isqueiros (da malta mais saudosista) ergueram-se bem ao alto e Gavin fartou-se de agradecer o carinho. Para o encore ficou Come Together dos Beatles, a mítica Glycerine e por fim Comedown, na qual o público cantou de pulmões bem abertos.

No palco indoor a noite terminou com os Djs Rich & Mendes e Dj Kitten.

Ana Duarte  

Consultora Musical na Fonograna e fundadora da webzine CONTRABANDA. Estudou Music Business na Arda Academy e Línguas, Literaturas e Culturas na Faculdade de Letras da Universidade do Porto. Tinha uns pais melómanos que a introduziram a concertos/festivais, ainda tinha ela dentes de leite. 3 décadas depois, aproveita para escrever umas coisas no ponto de vista de espetador melómano (quando a vida de consultora musical lhe permite).


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Mais sobre: Bush, Emir Kusturica, Expensive Soul


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