MEO Kalorama – dia 2: Ordem para DANÇAR!
Com a atenção dos festivaleiros a dividir-se entre os palcos e os muitos stands em que as mais diversas marcas levavam a cabo passatempos e sorteios, a descida acentuada de temperatura arrefeceu um pouco o entusiasmo do público. Ainda assim, os mais resistentes tiveram direito a festa para além das 2 da manhã, hora a que FKA Twigs se apresentou no palco Meo. A artista britânica fechou a segunda noite de Meo Kalorama, em que a “dança” esteve na ordem do dia.
A tarde abriu com (o também britânico) projeto Heartworms no palco San Miguel a que se seguiram os portugueses Maquina., que se assumem precisamente como um máquina… de dança, e Best Youth que apresentaram, não só, mas também “Everywhen”, o seu mais recente trabalho. Enquanto no palco Meo se reforçava a presença nortenha no lisboeta Kalorama, Identified Patient inundava o palco Lisboa com as misturas que granjearam fama internacional ao projetos dos Países Baixos.
Esta quarta edição de Meo Kalorama terá sido uma das menos concorridas até à data, e o vento que se fez sentir nesta noite em Lisboa não terá ajudado a que mais público fosse levado ao festival por impulsos de última hora. Fez-se, no entanto, valer a velha máxima do “quem está, está” e, os que estiveram passaram o início do serão junto ao palco San Miguel onde os norte americanos Model/Atriz presentearam o público com mais uma atuação cheia de energia esbatendo fronteiras entre géneros musicais.
Polémicas/deslizes à parte, Azealia Banks iniciou a atuação no palco Meo em português com um “Chega de Saudade” que daria lugar a ritmos bem mais frenéticos. Esquecidas as muitas controvérsias a que já nos habituou: Portugal é fixe, o Brasil é melhor, etc etc, o público terá optado por separar arte da artista e desfrutou do espetacular da rapper que se apresentou como uma bailarina de caixa de música e fez jus ao figurino.
A eletrónica dark wave e synthpop do duo norte-americano Boy Harsher continuou a marcar a toada dançável desta noite no palco San Miguel incentivando todos a “contrariar” os senhores que se seguiram no palco Meo.
Como não podia deixar de ser, quando Scissor Sisters lançaram o refrão de “Don’t feel like dancing” todo o público cantou e mostrou que se havia coisa que apetecesse era dançar! Os ‘lisboetas’ foram presenteados com um concerto curto, mas nem por isso menos notável. A banda norte-americana não se juntava para concertos ao ar livre há mais de uma década e, também, por isso, o concerto foi memorável.
A abordagem próxima da linguagem de cabaré deste projeto queer e ritmo frenético que imprimiram ao concerto funcionou como um renovar de energia para receber a repetente Róisín Murphy que, após o sobressalto causado pelo pára-arranca inicial da banda, nos brindou com um espetáculo em que se destacou a presença de temas de Hit Parade, o seu álbum de 2023 e em que a diva irlandesa foi diferentemente igual a si mesma mostrando a versatilidade a que nos habituou desde há muito, suscitando o inevitável desejo de reencontro em breve.
Para fechar as atuações do principal palco do festival, as honras ficaram para FKA Twigs, que tomou de assalto o Parque da Bela Vista com uma atuação arrebatadora, marcada por uma fusão de sensualidade, sensibilidade e intensidade crua. O concerto, centrado no álbum “EUSEXUA”, foi uma verdadeira experiência sensorial, onde voguing, acrobacias no varão e referências a Madonna se cruzaram num espetáculo visualmente hipnotizante.
Durante uma hora, a artista britânica levou o público numa viagem de emoções à flor da pele, culminando num final catártico que deixou muitos em lágrimas, provando que, por uma noite, o paraíso esteve mesmo em Lisboa.
Nota da redação: Azaelia Banks não se deixou fotografar pela imprensa.