8 Ago 2019 a 11 Ago 2019

Mais um Dia Feliz na aldeia – o terceiro dia de Bons Sons

Mais um Dia Feliz na aldeia - o terceiro dia de Bons Sons

Num dia em que a chuva voltou a ameaçar estragar a festa, Cem Soldos vibrou com Stereossauro, Três Tristes Tigres, Glockenwise + JP Simões e Miramar.

Não há aldeia como esta, é um facto. Uma aldeia que se junta para fazer um festival que tem passeios de burros, debates, artes performativas, exposições, curtas-metragens e tanto mais. Onde os habitantes se misturam com os visitantes e as crianças brincam e os cães se passeiam. Onde a música portuguesa espreita em cada canto e é sempre recebida por um ouvido atento e respeitoso. O ambiente do Bons Sons é difícil de explicar, só mesmo vivendo a aldeia se pode sentir. (Mas podes sempre espreitar a nossa galeria de ambiente no Facebook)

Ao terceiro dia, o certame esgotou e, ao final da tarde, já se sentia o muito público na aldeia. A pequena multidão que recebeu Miramar no palco Amália, frente à igreja, foi prova disso. Frankie Chavez e Peixe lançaram um dos melhores discos do ano e poder ouvir estas viagens instrumentais à guitarra ao vivo, neste ambiente, é um privilégio.

Sorte grande é também poder viver o regresso de Três Tristes Tigres. Uma das bandas mais interessantes dos anos 80 e 90 voltou aos concertos para subir ao palco Zeca Afonso. Com Miguel Ferreira (Clã) a acompanhar nas teclas, Ana Deus e companhia ofereceram um grandioso concerto, marcado pelos temas novos e inéditos da banda e também pela falta de clássicos como Zap Canal ou O Mundo A Meus Pés.

Às 22h o largo principal da aldeia encheu para receber Stereossauro. O DJ e produtor trouxe o aclamadíssimo Bairro da Ponte a Cem Soldos com a guitarra portuguesa de Ricardo Gordo, baixo e bateria. Sempre ao lado de DJ Ride, com quem foi conversando ao longo do concerto, Stereossauro passou pelos temas mais fortes do disco que junta fado, electrónica e não só como Flor de Maracujá (voz de Camané), Vento (voz de Gisela João) ou So Sodade (voz de Dino D’Santiago). O set fechou com um trecho da performance feita por Beatbombers (projecto que o junta a DJ Ride) aquando a última vitória no Campeonato do Mundo de Scratch.

Lá do outro lado, no palco Zeca Afonso, o público dividia-se entre o rendido, bem na frente do palco, ao desconfiado, sentado no alto da colina. Os Pop Dell’Arte nunca foram de agradar ao grande público, e é verdade que João Peste, eterno líder do grupo, mostrou-se pouco comunicativo, mas não podemos ignorar o histórico imenso da banda. E que bom que foi ouvir Sonhos Pop ao vivo.

Enquanto o largo do Rossio, que é casa do palco Lopes-Graça, se enchia de público para ver Tiago Bettencourt, as ruelas adjacentes ferviam com grupos a cantar, brindes a Cem Soldos e muita animação. Por cá, algumas tascas produzem iguarias que só nestes dias podemos usufruir. Se alguma vez por cá passarem, não deixem de provar um Tixão e um Cu de Boi. Confiem.

Já de madrugada, os Glockenwise subiram ao palco António Variações para apresentar o seu último e belo disco Plástico. Mas não vieram sozinhos. Sendo este mais um concerto inserido nas celebrações das dez edições de Bons Sons, também JP Simões se juntou em palco. Sempre com a sua postura e sentido de humor caricatos, JP acrescentou um lado mais caótico e imprevisível ao concerto, que acabou por viver mais dos temas da banda de Barcelos. Dia Feliz foi um ponto alto, não fosse ela retratar aquilo que vivemos por estes dias em Cem Soldos.

A noite fechou com DJ Ride no palco Lopes-Graça.

 

Teresa Colaço  

Tem pouco mais de metro e meio e especial queda para a nova música portuguesa. Não gostava de cogumelos mas agora até os tolera. Continua sem gostar de feijão verde.


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Mais sobre: Glockenwise, JP Simões, Miramar, Pop Dell'Arte, Stereossauro, Tiago Bettencourt, Três Tristes Tigres


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