14 Jul 2016 a 16 Jul 2016

Febre irlandesa assola o Marés Vivas – Reportagem no 2º dia do festival

Febre irlandesa assola o Marés Vivas - Reportagem no 2º dia do festival

Pouco passava das 18h e já a multidão se empurrava em longas filas para conquistar os melhores lugares, aqueles bem pertinho do palco MEO, para assistir ao espetáculo dos seus artistas favoritos da segunda noite do MEO Marés Vivas. Para esta noite eram esperados nomes como Jimmy P., Dengaz, James Bay, Kodaline e Lost Frequencies.

Num final de tarde excessivamente quente, com os termómetros a rondarem os 35ºC, a agitação era muita, para aquela que prometia ser a noite mais enérgica do festival nortenho.

E foi à hora marcada, precisamente às 19h15, que Joel Plácido, de nome artístico Jimmy P., subiu ao palco principal. T-shirt e calções para despistar o calor, levando a multidão ao rubro com a sua de fusão entre hip-hop, reggae e R&B.

Ao longo de aproximadamente 1h15 de espetáculo, temas como “On fire”, “Não ‘tás a ver” e “Marcha” levaram ao êxtase os presentes, com os corpos transpirados de calor a renderem-se ao talento do artista natural do Barreiro.

O momento mais alto do espetáculo surgiu quando, inesperadamente, Diogo Piçarra subiu ao placo para, juntamente com o rapper, presentear o público com um dos temas mais aguardados da noite, “Entre as estrelas”. Aí, num cenário pitoresco com o Douro como fundo, os fãs deixaram-se contagiar, dançando, aplaudindo e cantando em uníssono com multifacetado músico português.

JimmyP@MMV16-2016-IMG_6972 Vê todas as fotos de Jimmy P. no MEO Marés Vivas

Quando Dengaz, natural de Cascais, subiu ao palco às 20h30, o final de tarde continuava abrasador, e nem uma leve brisa soprada pelo rio servia para arrefecer os ânimos.

De calções e t-shirt, ainda mal começara o espetáculo, berrou “Vamos partir esta m#%& toda”! No final, depois de quase 1h30 da sua mistura de hip-hop e rap, segundo sabemos, nada ficou partido. Todavia, aqueles que deambulavam por entre as tendas e bares afluíram em peso para junto do palco, e vibraram com canções eletrizantes, sucessivas descargas de decibéis e adrenalina, que levaram ao rubro os presentes.

Foram quase 20 temas, percorrendo uma curta mas intensa carreira, desde o primeiro álbum “Skill, respeito e humildade”, passando pelo “Ahya” e, o mais recente, “Para sempre”. Pelo meio, houve tempo para um espetáculo à parte, a beleza do crepúsculo, um toque suave, quase sedutor, do sol a pousar sobre o Rio Douro, até se desfazer por entre as águas.

Já perto do final da atuação de Dengaz, num pico de empatia entre o músico e a audiência, com a entrada do convidado especial António Zambujo, para interpretar “Nada Errado”, com os ponteiros dos relógios muito próximos das dez da noite, sob um céu estrelado, e com milhares de leds de smartphone. No fim, chegou o tão esperado “Queria dizer que não”, um dos temas mais badalados do último ano e mais populares do rapper, levando à loucura a multidão que, desinibida e eufórica, contagiada, cantou a uma só voz: “Eu queria dizer que não, mas estou contigo, eu queria dizer que não, mas não consigo”!

Ainda antes de se despedir para dar lugar a James Bay, levou mais o público nortenho ao delírio gritando por alguns minutos: “Campeões, campeões, nós somos campeões” e “Portugal, Portugal, Portugal”, numa alusão à recente conquista europeia da seleção lusa em terras gaulesas.

Dengaz@MMV16-2016-IMG_7099 Vê todas as fotos de Dengaz no MEO Marés Vivas

Foi preciso esperar até às 22h15 para James Bay, cantor, compositor e guitarrista, um dos artistas mais aguardados da segunda noite de espetáculos, entrar no palco principal do MEO Marés Vivas, numa altura em que o recinto já se tornara demasiado pequeno para tanta gente.

O artista inglês, vencedor do Brit Award de 2016 como melhor artista masculino, entrou a todo gás e, embora tenha um único álbum de originais, “Chaos and the calm”, lançado em 2015, deleitou os presentes com temas como “Best fake smile”, “Scars” e “Let go”.

“Ohhhh, Portugal allez, Portugal allez, Portugal allez, Portugal allez” ouvia-se a espaço entre as músicas do guitarrista britânico, que surpreendeu a multidão ao interpretar “Proud Mary”, um tema originalmente gravado em 1969 pelos “Creedence Clearwater Revival”.

Para finalizar a atuação, já muito perto das 23h25, enquanto as luzes da invicta criavam imagens flutuantes nas cristalinas águas do Douro, interpretou “Hold back the river”, talvez o seu maior sucesso, cantado em uníssono pela multidão.

Findo o espetáculo do músico, ninguém quis arredar pé, pois o momento mais aguardado da noite ainda estava para vir.

JamesBay@MMV16-2016-IMG_7276 Vê todas as fotos de James Bay no MEO Marés Vivas

Quando os irlandeses “Kodaline” entraram em palco, faltavam quinze minutos para a meia-noite, arrancaram uma das maiores ovações da segunda noite do festival MEO Marés Vivas.

Num estilo muito próprio, alternativo, diferente de tudo que se ouvira até então, desfilaram temas arrojados e melancólicos dos seus dois álbuns de estúdio, “In a perfect world” e “Coming up in air”, e o vasto espaço, repleto de gente, pareceu transformar-se com “I’m ready”, arrancando fortes aplausos dos milhares de espetadores que ali se deslocaram nesta tórrida noite do mês de Julho.

Ao longo da atuação ouviram-se temas como “Way Back When”, “Love like this”, mas foi com o grande sucesso “The one” que houve uma das maiores ovações da noite. Os espetadores acompanharam-no com os leds dos telemóveis acesos no ar e, a plenos pulmões, berraram um afinado “You make my whole world feel so right when it’s wrong, that’s how I know you are the one”, enquanto uma bandeira portuguesa levada pelo músico, cansada de um mês inteiro de Europeu de futebol, jazia, num merecido descanso, junto da bateria de Vincent May.

Já perto do final, após mais de uma hora de espetáculo, depois de congratularem o público português pela conquista do Europeu de Futebol e de dizerem que o nosso país é lindíssimo, cantaram, a meias com a audiência, os temas “One Day” e “All i want”, com os quais se despediram.

Kodaline@MMV16-2016-IMG_7487 Vê todas as fotos dos Kodaline no MEO Marés Vivas

Pouco passava da 01h15 quando Felix De Laet, mais conhecido do mundo do espetáculo como “Lost Frequencies”, entrou em palco. Esperavam-se ritmos mais dançáveis, mais eletrónicos, esperavam-se ritmos capazes de por toda a gente aos saltos. E as profecias cumpriram-se, já que, durante aproximadamente 01h30m, todos os que estiveram presentes na noite abrasadora do Cabedelo em Vila Nova de Gaia, tiveram oportunidade de dançar e descarregar o resto da energia que ainda lhes fluía nos corpos.

Começou com “Run” e “Are you ready”, mas foram temas como “Reality”, “Are you with me” “beautiful life”, “Jump” e “What is love”, este último uma versão de um original de 1999, de “Haddaway”, que incendiaram os fãs, que, incansáveis, foram os últimos resistentes de um dia em cheio no Cabedelo.

No final do espetáculo, muito perto das três da madrugada, com exceção de alguns mais resistentes que a conversar, a beber, ou a dançar ao som dos DJs da Comercial no Moche Room, a multidão começou a dispersar, regressando às suas casas. Balanço muito positivo desta segunda noite de festival, milhares de pessoas, lotação esgotada, um dia tórrido, muito patriotismo, sonoridades diversificadas para todos os gostos e muita, muita energia.

Nuno Samões  

Nuno Samões, 22 anos, rapaz ávido e dedicado ao trabalho na área de fiscalidade, frequenta actualmente o curso de Economia. Para além da matemática e dos números em geral, nutre paixões por poesia, percussão, livros, cinema e, essencialmente, música, desde que seja boa, claro. Os tempos livres reparte-os entre livros, copos e espectáculos e, quando a inspiração aparece, escreve uns gatafunhos nuns blocos de notas!


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