Ryan Elliott

Quando um DJ apresenta como biografia um singelo “Kick drum. Bassline. High Hat”, torna-se fácil de perceber que estamos perante alguém que mais do que falar de uma carreira ou enumerar feitos, nomes e locais, pretende que a música fale por si e esteja no centro de como é visto. Mostra também uma mente objectiva e focada que sabe que, falando-se de música de dança ou de, por exemplo, um automóvel, ela é tão mais eficaz e duradoura quanto mais sólida fôr a sua fundação, ou, dito de outra forma, o seu chassis. A analogia automobilística pode parecer deslocada, mas quando falamos de Ryan Elliott, faz todo o sentido. É que Elliott é oriundo da “Motor City”, Detroit, que há 30 anos atrás se tornou também na “techno city”, e antes de se dedicar inteiramente à música, trabalhava na indústria automóvel. De facto, em meados da década passada, Elliott era, como tantos que vivem a música como hobby, alguém que durante a semana trabalhava para “a máquina” das 9 às 5, treinava o seu DJing nas paragens de almoço e catalogava a sua música em folhas Excel e ao fim de semana atirava a gravata para um canto, punha as fraldas da camisa de fora e ia passar música e dançar. Afinal, “o techno e o house fazem sentir-me a viver à velocidade da luz”, disse ele um dia, e sabemos que nenhum carro se move tão rápido. Tamanha dedicação e amor à música já é suficiente para merecer a admiração e dizer muito sobre a personalidade de Elliott, e uma personagem de nome Matthew Dear pensou da mesma forma ao convidá-lo para A&R da Spectral Sound, função que ainda hoje desempenha. A partir daqui a ascensão de Elliott foi como que movida por um turbo, e mais admirável se torna porque essencialmente Ryan sempre se manteve antes de mais como DJ e é sabido como nos tempos que correm a produção pode dar aquele “nitro boost” adicional numa carreira na música de dança. Mas antes de se lançar na produção em 2011, com o EP “Kicking Up” na Spectral, já o “funcionário exemplar” Ryan Elliott se tinha mudado para Berlim e entrado para o selectivo lote de residentes do Beghain/Panorama Bar. Daí até aos excelentes EPs “Rocksteady” e “Stepmode” na Ostgut Ton, foram mesmo dois passos seguros e firmes. Se os factos atrás referidos ficariam muitíssimo bem em qualquer apresentação Powerpoint, juntemos-lhes adendas valiosas como a sua técnica precisa e estonteante (Elliott é famoso pelo seu estilo rápido de mistura mesmo em 3 pratos) e o seu gosto apuradíssimo que lhe vale sentir-se tão em casa debitando techno afiado como uma lâmina no Berghain como desfilando aveludados clássicos house no Panorama. Em suma, nesta noite estaremos perante um sério candidato a “Empregado do Mês” da cabine do Lux.

Fonte: Press Release Lux Frágil
Autoria: Nuno Mendonça

14 Março 2014, Sexta-feira, 01:30

Av. Infante D. Henrique, Armazém A Cais da Pedra a Santa Apolónia 1950-376 Lisboa
Lisboa

Preço(s):

10€

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