Apresentação de “We Defy” do Equaleft no RCA Club – Prova superada

Apresentação de "We Defy" do Equaleft no RCA Club - Prova superada

Em dia de jogo da seleção nacional os portuenses Equaleft deslocaram-se até à capital para apresentarem o mais recente We Defy e trouxeram com eles alguns dos maiores talentos nacionais.

Terminou em grande festa este regresso dos Equaleft a Lisboa. Como já vem sendo habitual a festa terminou com a distribuição de húngaros pela plateia de um RCA a meia casa mas que, desde cedo, soube fazer a festa. Mas já lá vamos.

Primeiro é preciso dizer que, actualmente, os portuenses são uma força a ter em conta no nosso panorama de peso e, se dúvidas existissem, ficaram desfeitas logo no início da actuação com Before Sunsrise.

Miguel Inglês está numa forma tremenda e não se cansa de incentivar o público. Sem grandes palavras mas sempre com uma grande empatia, o quarteto vai desafiando, literalmente, os presentes a saltar, a libertar a energia. Os temas sucedem-se a uma velocidade, quase, vertiginosa, mas é em We Defy, faixa do mais recente registo, que a turba começa a dar sinais de vida. Contudo, é nos temas do anterior Adapt & Survive que a banda encontra o seu refúgio, talvez por isso mesmo seja nos temas mais antigos que o público encontra o seu abrigo, muito mais quando Marco Fresco, de Tales For the Unspoken, toma o palco de assalto em Invigorate. Mas os Equaleft mudaram, estão diferentes e isso percebe-se na postura da banda em palco, em particular com a presença de André Matos, o novo membro dos portuenses que, como sempre, demonstra ser uma força da natureza e um Ser Humano nascido para estar em cima do palco, atacando o seu baixo como se o amanhã não existisse. Aqui não existem falhas e a banda lá vai apresentando o seu disco.

Entre a energia de Inglês e Matos saúda-se o trabalho o de Miguel Martins e Malone nas guitarras mas, também, a energia com que Marco Duarte ataca a sua bateria, conferindo uma maior intensidade aos novos temas da banda. Ou seja, os Equaleft provaram no palco o que já se percebia em disco: estão mais fortes que nunca e prontos para qualquer desafio, ainda mais se o mesmo for em cima do palco. O quarteto está bem e é altamente recomendável.

Antes deles os lisboetas Legacy of Cynthia foram a energia, a sinergia, a loucura e tudo o que quisermos falar da banda liderado por um Peter Miller cada vez mais intenso e feroz na forma como ataca um set curto mas tremendamente eficaz. Fica provado que a banda é feita para os palcos e sabe como animar as hostes. Entre os temas do último registo, Danse Macabre, houve ainda tempo para apresentar um novo tema, Monster que, até prova em contrário, promete vir a dar que falar. Os lisboetas foram a meia-noite no jardim do bem e do mal e terminaram com uma enérgica Cabaret. A plateia ficou mais que pronta para a festa dos Equaleft.

Já os Sollar vieram de Vila Nova de Gaia, trouxeram na bagagem o disco de estreia Translucent, e tiveram uma actuação que, para muitos (onde me incluo), foi uma surpresa. É claro que não nos podemos, em nenhum momento, desligar da sensualidade, muitas vezes provocatória e capaz de tirar o sono, de Mariana Azevedo, mas não pensem que esse é o ponto mais alto de uma actuação em que ficou bem patente o talento da vocalista e dos seus pares. Entre alguns problemas técnicos que, para muitos, seriam “a morte do artista”, o quinteto ultrapassou isso com uma actuacão competente e que deu os melhores sinais. Uma surpresa que promete dar que falar no futuro.

Já os lisboetas Impera, que abriram as hostilidades, foram o que se esperava: um ataque sonoro aos sentidos. Tiveram contra si o facto de terem pouco público mas não se deixaram atemorizar e, tal como já fizeram no passado, os lisboetas agarram o “boi pelos cornos” e fizeram da intensidade o adjectivo que melhor se ajusta à sua actuação. Com um “set” que incidiu, sobretudo, em Weightless, os lisboetas apresentaram ainda um tema novo que mostrou uns Impera mais intensos e mais focados nas melodias. Apesar de uma sala pouco composta, os Impera aproveitaram todos os segundos e colocaram as garras de fora, souberam ser parte da festa.

Em suma, enquanto que, a poucos quilómetros dali a seleção nacional tinha uma exibição cinzenta, o RCA apresentou alguns dos talentos que fazem prever o melhor para o futuro das sonoridades mais pesadas ao nível nacional. Entre presente e futuro esta foi, sobretudo, uma noite de festa e de celebração digna de registo. Claro que os Equaleft foram os reis da festa, mas todos os outros fizeram parte dela. Fica o espírito que se viveu na sala lisboeta e que tantas vezes faz falta.

Nuno C. Lopes  

Melómano convicto, dedicado ás sonoridades mais pesadas. Fotógrafo, redactor, criativo. Acredita que a palavra é uma arma. Apesar de tudo, até é boa pessoa.


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