A história do hip-hop tuga continua a merecer ser contada

A história do hip-hop tuga continua a merecer ser contada

O ano de 1994 marcou o arranque da noite de 8 de Março na Altice Arena. Fez-se um rewind de 25 anos e ao longo de 4 horas viajámos de volta ao ano de 2019 enquanto se aclamaram, e lembraram, os nomes que têm vindo a escrever a história do hip-hop português.

A ideia não era nova, afinal de contas o conceito que deu mote ao espetáculo estreou-se em 2017 no Sumol Summer Fest, mas o desafio foi enormemente aumentado nesta que foi a sua transição para a Altice Arena e com um alinhamento de 40 nomes.

Feita a contagem decrescente com DJ Big, e com um “senhor palco” equiparado ao tamanho do alinhamento, o arranque deu-se às 22h com Black Magic Woman de General D, primeiro rapper português com disco editado por terras lusas seguido dos Black Company que, também em 1994, lançaram Não Sabe Nadar. A partir daí o desfile só iria parar às 2 da manhã.

O ano de 2002 rebentou com um dos momentos da noite, a chegada de Sam the Kid com Não Percebes logo seguido de Boss AC com Baza Baza. Boss AC voltaria a palco com Hip Hop (Sou Eu e És Tu), a representar 2005, e Sam voltaria para acompanhar Carlão em O Crime do Padre Amaro, no ano seguinte com Poetas de Karaoke e ainda em 2015 com Tu Não Sabes com Mundo Segundo.

Poderíamos debatermo-nos sobre as escolhas do alinhamento ou sobre as razões pelas quais alguns nomes de peso ficaram de fora, desde Valete, Regula, Allen Halloween, ou mesmo NGA, Slow J e Plutónio. Uma voz off introduzida em vários momentos de pausa no espetáculo foi-nos lembrando precisamente dos que não estiveram presentes mas que são parte igualmente importante da história do hip-hop tuga.

Do lado feminino, e em dia e noite da mulher, Capicua e a sua Guerrilha Cor-de-Rosa foram as únicas a representar o género em palco trazendo Maria Capaz e Vayorken. As restantes mulheres só foram mesmo lembradas através dos ecrãs.

Falar de hip-hop é falar também de grafitti, beatbox, breakdance e fez-se questão de incluir todos esses elementos durante a noite. Entre os writers estiveram presentes Nomen e Youthone, entre as crews de b-boys Gaiolin City Breakers e 12 Macacos, e a representar os beatboxers SP & Wilson. E claro, não menos importantes os DJs da noite: Bomberjack, Nel’Assassin, Kronic e Cruzfader.

A julgar pela reação do público, o ano de 2013 veio marcar um gap geracional entre os fãs de hip-hop. Não que as gerações mais novas não apreciem os veteranos ou que os veteranos não gostem dos newbies mas, perante um público maioritariamente jovem, foi incomparável a reação efusiva do público, ou digamos mesmo momentos de histeria coletiva, perante os nomes mais recentes do género. Falamos das reações a Dillaz, Holly Hood, Piruka, Bispo, GROGNation, ProfJam ou, claro, Wet Bed Gang responsáveis pelo encerramento da noite com Devia Ir.

Entre os outros nomes da noite estiveram presentes Chullage, Micro, Dealema, Sir Scratch, NBC, Bob the Rage Sense, Xeg, Tribruto, Virtus, Sanryse e Blasph, Tekilla, Deau, Nerve, Phonenix RDC, Ace & Presto, Keso e Vado Mas Ki Ás.

Já finalmente ultrapassada a ideia de que o hip-hop nacional não vale nada e que rimas de valor só vêm de fora, juntaram-se pessoas dos mais diferentes backgrounds, dos mais diferentes códigos-postais e de diferentes gerações para se celebrar a história e a qualidade do que é nosso. Continuemos assim.

Mónica Borges  

Acho todos os cães bonitos, gosto de festivais e ainda mais de imperiais.


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