PAUS no S. Jorge: A mitragem volta à estrada

PAUS no S. Jorge: A mitragem volta à estrada

Os PAUS deram na noite desta sexta-feira, 12 de fevereiro, o primeiro concerto da digressão de apresentação do álbum “Mitra”. Foi no S. Jorge, em Lisboa, e estivemos lá.

A “Mitra” dos PAUS trouxe na noite desta sexta-feira, 12 de fevereiro, ao S. Jorge, em Lisboa, um bom grupo de malta que, longe de ser o chunga que o calão sugere, mostrou-se firme no apoio à banda portuguesa. Fábio Jevelim, Hélio Morais, Joaquim Albergaria e Makoto Yagyu já estão, entusiasmados, a promover o álbum novo, “Mitra”, lançado precisamente no dia em que foi levado ao palco da sala Manoel de Oliveira.

Com mais voz do que o grupo nos tinha acostumado até aqui, o trabalho novo continua a não se conseguir encaixar num caixote com uma legenda por fora. Rock? Indie? Eletrónico? Alternativo? Percussão? Pode ser tudo isso e mais qualquer coisa que andará ali sempre pelo meio das produções do quarteto.

Para se familiarizarem de imediato com o seu público e com alguns eventuais curiosos que sempre chegam de novo, os PAUS começaram precisamente pelo single de apresentação do álbum novo, ‘Pela Boca’, para, à segunda composição, ‘Era Matá-lo’, já estarem a pedir ao S. Jorge para bater palmas.

Os vocais de Hélio Morais, que também dá a cara pelos Linda Martini, caem bem no meio da equilibrada parafernália de pratos de bateria que, ao contrário do que se possa imaginar quando se vê uma bateria siamesa, não se atropelam uns aos outros mas complementam-se. ‘Mudo e Surdo’ e ‘Primeira’ são outros temas que agitam emoções entre os seus fãs. Baixo e teclas ouvem-se menos num concerto todo ele bombado em decibéis pouco recomendáveis a ouvidos mais recatados. Quando se percebe o teclado, a eletrónica está lá a dizer “presente”.

Já estava prometido que os concertos de apresentação de “Mitra” iam ser diferentes, mais físicos e com outra presença em palco, e a verdade é que a loucura de Morais e Albergaria atingem momentos de grande teatralização e entrega a uma batida que, nalguns momentos, impressiona de tão sincronizada é entre ambos os músicos, apesar dos seus gestos serem diferentes. Mãos, pés, braços, cabeça, está tudo num “descontrolo controlado”.

«Este foi o culminar de vários meses de trabalho em estúdio e o disco chegou hoje às lojas. É por isso que estamos aqui numa bolha e vocês estão também nessa bolha», disse o guitarrista e baixista português de origem japonesa.

Com o álbum novo a merecer as atenções nesta noite, a banda não se cansou de anunciar que a festa de lançamento ia continuar pela noite dentro, «até ao meio-dia», no Lux, onde os quatro rapazes foram DJs de uma noite que não vão esquecer tão cedo.

Ainda se ouvem ‘Aquedutos’, ‘Deixa-me Ser’ e ‘Mó People’, o outro single que já tinha sido dado a conhecer, e que fechou em beleza a primeira de várias noites de “Mitra” que ainda vai passar por Coimbra, Guimarães, Castelo Branco, Ílhavo, Faro e Ovar. «Não somos bons a tocar o encore, até porque às vezes a coisa não pega», justificou, entre gargalhadas, o baterista Hélio Morais.

Tudo coordenado resultou num concerto muito aplaudido e também muito agradecido por parte dos membros da banda.

1ª parte: Cachupa Psicadélica

De referir que a primeira parte deste e dos outros concertos da digressão nacional pertence a Cachupa Psicadélica. Com o álbum de estreia no bolso, “Último Caboverdiano Triste”, Cachupa Psicadélica é o projeto de um cabo-verdiano, natural da cidade do Mindelo, e, musicalmente, soa a isso mesmo: a uma estranha mas intensa mistura de psicadelismo com os ambientes simples e familiares que tradicionalmente associamos àquela zona do planeta.

‘Amor d’1 Laranjeira’ e ‘3/4 de Bô’ levam-no a dedilhar a guitarra com a dedicação de quem não está a explorar este género musical por acidente e quer mesmo que isso se note. Divertido, o artista referiu que ‘3/4 de Bô’ «fala de um cabo-verdiano e da sua paixão por uma garrafa de água… ardente».

Cachupa Psicadélica apresenta-se como “música para fazer fotossíntese” que bastante falta faz depois de uma semana cinzenta e de chuva como esta.

Vê todas as fotos de Francisco Morais no concerto dos PAUS, com primeira parte dos Cachupa Psicadélica, no São Jorge em Lisboa

Daniela Azevedo  

Jornalista, curiosa sobre os media sociais, viciada em música, gosta da adrenalina do desporto motorizado. Amiga dos animais e apreciadora de dias de sol. Acha que a vida é melhor quando há discos de vinil e carros refrigerados a ar por perto.


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